O grupo Celeste, um dos principais operadores portugueses do setor da panificação e pastelaria e já com uma história de mais de meio século, tem atualmente uma capacidade de produção da ordem das 8700 toneladas/ano. Este volume é a materialização de um dos objetivos inscritos no plano de negócios que arrancou em 2019 e que visou aumentar em 30% a resposta industrial ao mercado. As quatro unidades do grupo - Guimarães, Vizela, Ermesinde e Luxemburgo - estão preparadas para fabricar mais de 14 milhões de pães por mês, 100 mil pães de forma e 100 mil bolachas, revelou Teresa Vaz, CEO e filha do fundador do grupo com sede em Guimarães. Para potenciar esta força industrial, quer ganhar terreno nos mercados externos..A concretização do plano de negócios, cuja implementação se estenderá até 2025, vai obrigar a um investimento de cinco milhões de euros, sendo que três milhões foram já aplicados. Segundo Teresa Vaz, o objetivo foi incrementar a competitividade do grupo, através de uma maior industrialização das unidades de Guimarães e Vizela, ganhar autonomia logística, com a construção de uma plataforma própria, e maior capacidade de inovação, com a instalação de um laboratório. Em simultâneo, o grupo adquiriu por cerca de 500 mil euros uma unidade de embalados e secos de panificação e pastelaria em Ermesinde, em setembro de 2020, no intuito de ter mais uma gama de produtos para alargar os canais de distribuição. As 11 padarias/confeitarias Celeste, todas localizadas no Norte do país, foram também alvo de remodelação..Uma embaixada.Para terminar o plano, o grupo conta investir entre 1,5 a dois milhões de euros até 2025. O principal alvo será a operação no Luxemburgo, onde Teresa Vaz pretende modernizar o conceito e a estrutura do espaço comercial que integra cafetaria/padaria, restaurante e supermercado. Desde 2013 que o grupo Celeste tem operação neste pequeno país europeu, onde habita e trabalha uma grande comunidade portuguesa. Segundo a responsável, o grupo queria por essa altura internacionalizar a atividade e visitou vários países onde viviam portugueses e revendedores nacionais. Uma casualidade levou à escolha do Luxemburgo, país que nem sequer tinha feito parte dos mercados escrutinados..Compraram um supermercado e um restaurante e levaram o pão quente com sabor nacional à comunidade. Neste mercado, instalaram uma unidade de produção de pão e pastelaria, que abastece os negócios do grupo e também outros clientes locais e belgas. "É um espaço onde se produz e coze todo o dia", sublinhou Teresa Vaz. Esta "embaixada de Portugal no Luxemburgo" quer agora identificar a nova onda de emigração portuguesa neste mercado para dar uma resposta eficaz aos seus hábitos de consumo..Este trabalho iniciou-se em Portugal, com projetos como o NutriSafeLab. Numa parceria com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, o grupo ensaiou a substituição de aditivos por ingredientes naturais no bico de pato e no Pão de Deus, procurando manter o mesmo sabor e textura. O trabalho das duas organizações estendeu-se também ao pastel de nata e ao croissant folhado, visando a redução de 50% da gordura. O objetivo é responder aos consumidores com maiores preocupações de bem-estar e saúde. Segundo Teresa Vaz, os custos da sua produção à escala industrial estão em estudo..O grupo Celeste, que emprega 430 pessoas, registou um volume de vendas de 25 milhões de euros no ano passado, com cerca de sete milhões a serem gerados pela operação no Luxemburgo. Em Portugal, trabalha basicamente com todas as marcas da grande distribuição, mas também abastece as pequenas padarias e confeitarias. As vendas para os mercados externos (Bélgica, França, Mónaco e Luxemburgo) valeram 4% da faturação. Teresa Vaz quer começar no próximo ano a desenhar o plano de negócios para o período 2026/31, mas já admite que um dos principais objetivos é conquistar novos mercados.