Foi o maior negócio de sempre na hotelaria portuguesa e agora dá frutos lá fora. No ano passado, o grupo Minor associou a marca Tivoli a nove boutique-hotéis em Doha e deu o pontapé de saída para a criação de duas novas unidades no Qatar. Nos próximos dois anos, adiantou Jorge Lopes, diretor comercial, ao Dinheiro Vivo, a marca portuguesa dará novo salto no estrangeiro: vêm aí mais quatro hotéis no Brasil e na Ásia prepara-se a entrada em três mercados distintos. Um deles deverá ser a capital da Tailândia, prometida desde que o grupo de origem tailandesa fechou a compra das 14 unidades Tivoli ao espólio Espírito Santo, em fevereiro de 2016.
“A entrada na Tailândia é uma forte probabilidade e temos também alguns projetos em curso no Brasil. Neste ano já anunciámos a abertura de um hotel Anantara na Bahia e temos alguns projetos Tivoli em curso, que iremos anunciar em breve, também para o Brasil. São cerca de quatro projetos para os próximos dois anos.”
Apesar de o Brasil tentar diversificar a fonte de turistas, o investimento dos grupos portugueses de Portugal sofreu um forte travão nos últimos anos, devido à instabilidade política. Jorge Lopes reconhece o menor interesse de outros grupos portugueses, mas admite que “o Brasil é um mercado em que a marca Tivoli continua a acreditar”, conduzida pelos bons resultados que tem obtido.
“A nossa entrada no Brasil, mesmo antes de estarmos integrados na Minor, foi feliz com a aquisição do Eco Resort da Praia do Forte, que é um hotel de renome no mercado, bem como posteriormente com o Monfarrej, em São Paulo. O projeto passa por continuar a apostar e investir no mercado - felizmente temos tido resultados fantásticos lá”, admitiu o responsável, acentuando que este reforço pode ser feito tanto através de projetos de cidade como de resort. “A dimensão da costa brasileira, e o que existe de oferta de resorts, ainda permite muita margem de progressão e potencial de crescimento”, destacou Jorge Lopes.
Quando adquiriu os 14 hotéis ao Grupo Espírito Santo, Dillip Rajakarier, presidente executivo, previu desde logo a abertura no estrangeiro de dez a 15 hotéis Tivoli até 2021. Acentuando que a Tivoli Hotels & Resorts “é das marcas do Grupo Minor que tem maior potencial de crescimento”, Jorge Lopes realça agora que “faz parte desde o início do projeto, e da aquisição, explorar este potencial de expansão que a marca oferece”, tanto em mercados onde já opera, como é o caso do Brasil, como em novas regiões. Com um novo dono asiático, esta internacionalização passa necessariamente pelo Oriente, onde se estuda a entrada em três países distintos.
A integração no grupo que também detém as marcas Avani ou Anantara permite “uma presença nesses mercados através dos nossos escritórios de vendas e da força das marcas que já lá têm presença e que não tínhamos sozinhos. A Tivoli era uma marca mais regional, mais portuguesa, embora com presença na América do Sul”, salientou o responsável. Enquanto não se fecham os novos investimentos, o grupo afina os últimos pormenores que vão permitir abrir as portas dos dois hotéis Tivoli Souk Al Wakra e Al Najada, ambos no Qatar.
A expansão dos hotéis Tivoli, que neste ano completam 85 anos, não exclui também Portugal, onde Jorge Lopes admite continuar a estudar novas oportunidades de negócio no Algarve, onde já se contam seis unidades hoteleiras, “embora nesta fase a prioridade passe por outras regiões”, nomeadamente o Norte do país. “Estamos a olhar para o Porto e a olhar para o Douro.”
No ano passado, Portugal recebeu quase 21 milhões de turistas e, mesmo com praticamente metade do portfólio de hotéis fechados para obras de renovação, o Grupo Minor registou um bom crescimento em Portugal. “Mesmo com esses projetos registámos um volume de negócios superior. E o que temos on the books para este ano é fantástico. Estamos a falar de crescimentos em torno dos 20% na região do Algarve. E na região de Lisboa estamos 60% acima de igual período do ano passado.”