Chegará ao mercado perto do Natal o novo 'vinho do outro mundo'. Depois de Portugal, Cláudio Martins, da Martins Wine Advisor, escolheu Espanha e em especial a região de Priorat, na Catalunha, para o segundo vinho da série limitada Wines From Another World: chama-se Uranus e só foram produzidas 500 garrafas, com um preço de venda ao público a partir dos 1.700 euros. O alentejano Júpiter, lançado em 2021, custava 1.000 euros, mas está já esgotado e há investidores a vendê-lo a 1.300 e a 1.400 euros a garrafa.
"Decidimos manter-nos na Península Ibérica para este segundo lançamento porque os ibéricos, além da grande amizade que têm uns pelos outros, produzem também vinhos de alta qualidade, de eleição. Além disso, conhecemos bem o trabalho que é desenvolvido pelo Dominik Huber e pela Terroir al Limit, por isso foi uma escolha fácil de fazer", garante Cláudio Martins, consultor internacional de vinhos e o mentor do projeto Wines From Another World que prevê o lançamento de nove vinhos, tantos quantos os planetas do sistema solar, ao ritmo de um por ano. Uma viagem que se sabe antecipadamente que começa e acaba em Portugal, mas que irá representar algumas das mais importantes regiões vitivinícolas mundiais, de Bordéus à Geórgia, passando por Champagne, Toscana Napa Valley e Mosel, e fechando com o Douro.
Ao contrário do Júpiter, um tinto da talha alentejano de 2015, o Uranus é um vinho jovem, da colheita de 2021, embora seja produzido a partir de uma vinha velha, com 75 anos, sendo que a casta maioritária (85%) é a garnacha negra peluda, mais 10% de garnacha branca e 5% de cariñena Cláudio Martins admite que o lançamento de um vinho novo, a este preço, irá gerar polémica, mas garante que a geração milenar gosta de vinhos "muito mais frescos, mais jovens e pouco extraídos, e não se importam de gastar dinheiro com isso", além de que, assegura, se trata de um vinho de "qualidade extrema, com uma capacidade de envelhecimento extraordinária".
A procura por formatos grandes no lançamento do Júpiter, levou a Wines From Another World a decidir agora fazer 460 garrafas de 0,75 litros, as tais que custam 1.700 euros, e três garrafas de 12 litros que custarão, no mínimo, 28 mil euros. Uma delas será colocada a leilão e a outra vai integrar o portefólio da Liquids Cellar Club, empresa de NFT na Blockchain. Haverá ainda 24 garrafas magnum (1,5 litros), que serão vendidas a 3.500 euros, 12 de 3 litros, com um custo de 7.000 euros, e seis de 6 litros, cujo preço é de 13.000 euros.
O Júpiter foi totalmente vendido em quatro semanas, Cláudio Martins espera que a procura pelo Uranus, que hoje foi apresentado à empresa da especialidade em Madrid, gere interesse equivalente. "O grande objetivo do Júpiter foi alavancar a marca de Portugal e a categoria de Fine Wines a nível internacional. E conseguimos, ele está à venda em alguns restaurantes icónicos, nomeadamente no grupo Gordon Ramsay, que está a servir o Júpiter a copo, a 500 euros", diz o consultor. E acrescenta: "Para nós é um grande orgulho ver vinhos portugueses a ombrear com os grandes vinhos de Bordéus ou da Borgonha nesta categoria de vinhos mais exclusivos".
Os destinatários do vinho são os mesmos do Júpiter, ou seja, "apreciadores de vinho, entusiastas, curiosos e colecionadores". Mas, ao contrário do vinho português, comprado em 75% por clientes nacionais, a expectativa é que o Uranus venha a gerar maior atenção nos mercados internacionais. "As pessoas que compraram o Júpiter souberam, antecipadamente, que vamos fazer um novo lançamento e, mesmo sem saberem de que vinho se trata, de que região e ano de colheita, tivemos cerca de 140 garrafas pré-vendidas", refere.
Cláudio Martins acredita que mesmo o mercado nacional "está cada vez mais preparado e aberto" a pagar tanto por um vinho exclusivo. "Há sempre mercado para tudo, independentemente de agora andarmos a meter proteções nas latas de atum nos supermercados. Há sempre clientes para tudo e pessoas que não se importam de despender cinco mil euros numa garrafa de vinho porque sabem a sua qualidade ou querem colecioná-lo, tal como há clientes que não se importam de dar 500 mil euros por um carro de coleção porque têm prazer nisso", sublinha. E mesmo com a ameaça de uma grave recessão económica, não acredita que isso mude.
A exclusividade destes vinhos, e a sua qualidade, justificam o preço. "Ao contrário de um Barca Velha, um Pêra Manca ou um Vale Meão, que são irrepetíveis naquela colheita, mas irão repetir-se noutros anos, quando houver colheitas de qualidade equivalente, o Júpiter, o Uranus e todos os outros que se se seguirem nunca mais serão produzidos. É um produto irrepetível", garante.