Caminhamos a passos largos para a era da Inteligência Artificial (IA) que, no sentido lato, se refere à capacidade de uma máquina reproduzir competências semelhantes às humanas - como o raciocínio, a aprendizagem ou a criatividade. Os avanços no universo da IA inclinam-nos para um cenário em que as capacidades da tecnologia se aproximam cada vez mais das dos seres humanos - ultrapassando-as, inclusivamente, em muitas áreas de nicho..Uma consequência significativa a curto prazo desta era da IA é que, até há pouco tempo, mensagens baseadas em texto para estabelecer e provar a humanidade - o famoso Teste de Turing - eram consideradas suficientes para distinguir um humano de uma máquina. Agora, a IA moderna ou já passou o Teste de Turing ou está muito perto de o fazer. Isto tornará impossível, no futuro, determinar a humanidade com base apenas na inteligência. Resumidamente, não existe um método fiável para verificar a humanidade online..No entanto, esta prova será uma ferramenta essencial e provavelmente inevitável para capacitar os indivíduos. Embora existam várias abordagens sobre como uma prova de humanidade pode acabar por ser implementada, é essencial que uma infraestrutura tão importante como a Internet dê prioridade à privacidade, auto-soberania, inclusão e descentralização, com a finalidade de beneficiar e proteger os indivíduos..Mas com a linha que divide máquinas de pessoas a ficar cada vez mais ténue, torna-se ainda mais urgente provar a identidade na Internet..A autenticação baseada na biometria pode fazer parte da solução. Os sistemas biométricos, implementados de forma confidencial, podem ser utilizados para verificar eficazmente a singularidade à escala global - sem a necessidade de armazenamento de dados. Contudo, sistemas diferentes têm requisitos diferentes: por exemplo, autenticar um utilizador através do FaceID como o legítimo proprietário de um telefone é muito diferente de verificar milhares de milhões de pessoas como únicas. Estabelecer a singularidade global é muito mais difícil..Reconhecendo esta dificuldade, empresas tecnológicas fazem perguntas e procuram respostas para que a prova de humanidade online seja fidedigna. A startup americana Worldcoin deu início a esse caminho, com um protocolo aberto e de preservação de identidade que permite às pessoas, de forma privada e descentralizada, provarem que são reais na Internet. O World ID verifica a singularidade de uma pessoa através do reconhecimento da íris, enquanto assegura a sua privacidade através de criptografia..Esta é uma das tecnologias que vemos aparecer para tentar colmatar uma importante lacuna, mas certamente outras surgirão. Importa perceber se estão no caminho certo, se respondem aos verdadeiros desafios ou até se chegarão antes de mais um avanço da Inteligência Artificial, como o ChatGPT..Será possível, num futuro próximo, responder sem dúvidas à questão: "Não sou um robô"?.Pedro Trincão Marques, manager do mercado ibérico da Worldcoin