If I Were a Man. Elas criaram página no Instagram para falar de desigualdade

Teresa Verde Pinho e Mariana Reis criaram página no Instagram onde as mulheres falam sobre o que mudaria na sua vida se fossem homens
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Começou por ser uma ideia para responder a um desafio de um anunciante: alertar para a desigualdade de género na indústria tech. #If I Were a Man transformou-se numa página no Instagram criada por duas Criativos no Mundo, onde mulheres, usando um filtro do Snapchat (mudança de género), contam o que seria ser um homem no seu trabalho e vida.

"A ideia nasceu com um brief para a IBM onde nos pediam para abordarmos a desigualdade de género na indústria tech. Uma das nossas respostas foi tornar o filtro (do Snapchat) num veículo de mensagem. A ideia acabou por não avançar e aí percebemos que não precisaríamos da agência para 'produzi-la'", explica Mariana Reis, desde 2016 na Ogilvy de Paris, Criativa no Mundo que, com Teresa Verde Pinho criou a página If I Were a Man.

If I Were a Man também deu voz pública a muitas conversas entre mulheres profissionais que, muitas vezes, não têm expressão pública. "Entre conversas com amigas de diferentes áreas profissionais, inclusive a nossa, começámos a perceber que o que achávamos ser situações esporádicas de desigualdade no trabalho, era a norma. As histórias que ouvimos davam-nos uma certa comichão que nos deu vontade de pôr as mãos à obra", conta Teresa Verde Pinho.

Optaram pelo Instagram para dar voz ao tema. "É a app mais usada pelo público a quem queríamos passar a mensagem. No Instagram também acaba por ser mais fácil agregar todos os testemunhos num sítio só por tempo indeterminado", justifica Mariana Reis. Contar a sua experiência é simples: basta uma fotografia com o filtro masculino do Snapchat e partilhar no Instagram com a hashtag #ifiwereaman, e tagando a página @ifiwereaman_

"O que mais nos tem surpreendido são os não-testemunhos. Várias mulheres agradecem-nos pela iniciativa, no entanto, têm receio de partilhar as próprias histórias por medo das consequências que podem surgir no trabalho. Isto tem tanto de irónico como de triste", comenta Teresa Verde Pinho.

"Este medo, infelizmente, veio confirmar a necessidade do projeto existir: criar camaradagem para que as mulheres que não se querem expor percebam que não estão sozinhas", acrescenta Mariana Reis.

Sem a máquina de comunicação de uma marca por trás do projeto, as duas Criativas no Mundo têm partilhado a conta junto da sua rede de amigos no Instagram e Twitter, mas também "com fundadores de projetos que defendem a mesma causa, por exemplo os Creative Equals, e publicitárias que têm usado a voz para promover a igualdade entre género no nosso meio, como a Cindy Gallop (fundadora do braço americano da Bartle Bogle Hegarty) e a Laura Visco (deputy executive creative director na 72andSunny Amesterdão). Usámos também o Fishbowl por ser uma app bastante utilizada nos EUA", adianta Mariana Reis.

Desde 2016 na Ogilvy Paris, agência para a qual transitaram para trabalhar contas como a Dove, as duas criativas têm vindo a participar em vários concursos globais, "incluindo a Accor e a Moët & Chandon, que acabaram por ser duas grandes vitórias para a agência", conta Teresa Verde Pinho. "Também estamos envolvidas em dar formação aos estagiários da Miami Ad School. E mais ultimamente, somos uma das equipas principais em IBM, uma marca que adoramos e que têm um historial invejável. Há duas semanas começamos um projeto de voluntariado, o After Hours, onde disponibilizamos as nossas ideias de forma gratuita a ONG ou associações que defendem causas nobres."

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