O Instituto de Tecnologias Interativas (ITI), que existe há 12 anos em colaboração com a Canergie Mellon University e - com o apoio de parcerias como a Fundação Santander - acaba de se instalar na sua nova sede na Fábrica de Unicórnios de Lisboa, no Beato. A mudança ocorreu na última terça-feira, 17 de outubro, e a entrada neste hub criativo é para o seu fundador um passo positivo, já que o ITI precisa de ter acesso aos utilizadores diários das tecnologias.
"A nossa investigação depende muito de ter acesso a pessoas que utilizam as tecnologias", reiterou Nuno Jardim Nunes, professor catedrático do Instituto Superior Técnico e coordenador da Área de Interação e Gráficos que foi o fundador do ITI. Para o académico, além "do conforto de ter instalações próprias" e de "dar uma identidade ao instituto", há ainda outra vantagem: "Estarmos fora do ambiente académico tradicional, para nós, é uma mais-valia, porque estamos mais próximos dos problemas e temos uma agenda de investigação que irá contribuir não só para o hub criativo e para a Fábrica de Unicórnios, mas também para a própria comunidade aqui do Beato."
O ITI é um centro de investigação e desenvolvimento de projetos tecnológicos cuja missão é investigar e desenvolver sistemas inovadores de interação entre pessoas e tecnologias digitais. Esta é, aliás, uma das áreas de especialização de Jardim Nunes, já que uma das disciplinas que leciona no IST é precisamente Interação Pessoa-Máquina.
Por isso, com a mudança, o ITI segue uma lógica de inversão, confessa o professor: "Temos um projeto em que nós invertemos um pouco a lógica tradicional de investigação e em que pedimos à comunidade que nos rodeia que nos diga que tipo de problemas de investigação é que devemos trabalhar, portanto, aproximar muito mais a investigação das necessidades das pessoas - até porque isso é muito mais a lógica atual de fazer investigação nestas áreas interdisciplinares." E nada melhor do que fazê-lo num meio onde estão instaladas diversas startups e as mais avançadas empresas tecnológicas.
A nova sede do ITI, diz Nuno Jardim Nunes, acarreta um nível de custos "absolutamente incomportável" sem o apoio de vários parceiros privados, "a Fundação Santander em particular", mas também de outros que "foram fundamentais para alavancar aqui um "pequeno" financiamento". E "pequeno", avança, quando comparado com os mais de três milhões de euros que compõem o volume da carteira de projetos de investigação do ITI financiados sobretudo por fundos europeus.
"Acontece que os projetos de investigação não pagam rendas, não pagam custos de operação e, portanto, foi necessário juntar uma série de patrocinadores para tornar esta nossa mudança uma realidade e estamos muito, muito agradecidos por esse apoio. Sem eles não estaríamos aqui", conclui Nuno Jardim Nunes.
O ITI acolhe cerca de 90 alunos de doutoramento e 80 de mestrado. Tem por objetivo alavancar e potenciar as tecnologias interativas digitais para responder aos desafios da sustentabilidade e da inclusão.
Para Marcos Soares Ribeiro, administrador executivo da Fundação, são nítidas e muitas as razões para que seja importante a instituição que representa associar-se e apoiar o ITI. Desde logo, a área inovadora da sua investigação e a relevância que adquire, na sua perspetiva, na sociedade atual, que envolve a interação entre a Humanidade e máquina.
"Isto é um tema que nos vai tocar a todos no dia-a-dia e é algo que vai permitir, inclusive, melhorar a nossa qualidade de vida, dado que cada vez mais muitas das tarefas vão estar a ser desenvolvidas por máquinas, sejam robôs, sejam computadores", explicou Soares Ribeiro. E acrescentou: "Esta interação é muito importante e pode ajudar-nos a resolver problemas e desafios importantes, que até hoje não estão a ser desenvolvidos, especialmente em tudo o que tem a ver com a forma como nós, a Humanidade aprende, como é que a Educação pode ser desenvolvida, como é que a podemos fazer de forma muito mais inclusiva, como é que podem ser endereçados também desafios da ordem ambiental."
Marcos Soares Ribeiro contou ao Dinheiro Vivo que o apoio da Fundação Santander ao ITI se consubstancia em duas vertentes: apoio financeiro e lançando desafios. "Há áreas que nós acreditamos que são muito importantes e que podemos ajudar traduzindo os nossos projetos sociais", disse o responsável avançando que a Fundação vai querer lançar um desafio de formação nas áreas STEM (abreviatura inglesa para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Como?
"Bom, este centro tem um conjunto de competências que pode colocar em formações nestas áreas STEM e, nós, Fundação Santander e no Santander Universidades, estamos muito empenhados em dotar a economia e as pessoas de maior formação nestas áreas, porque são essenciais para o desenvolvimento da economia e este parceiro pode, seguramente, ajudar-nos a fazer esta esta formação, em concreto, para podermos ajudar nesta transição digital.
Diz Marcos Soares Ribeiro que a formação a sair desta parceria será sempre vocacionada para pessoas que estão prestes a entrar no mercado de trabalho.
Para o futuro, o responsável da Fundação Santander diz que está tudo "um pouco em aberto". "Vamos seguir de muito próximo, tudo o que irá acontecer em termos de investigação no instituto - de onde estão a sair ideias interessantes - e, dessa observação, porque vamos estar muito atentos ao que estiver e a como é que nós podemos traduzir isso em projetos sociais e outras ideias."