João Amorim é um líder de viagens e fotógrafo, mais conhecido pelos conteúdos digitais que cria no Instagram enquanto Follow the Sun Travel, que acaba de iniciar um novo projeto profissional. Com dois familiares, o influencer adquiriu dez casas e quatro currais de vacas em Branda da Varziela, uma aldeia de Castro Laboreiro, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês. Do investimento familiar vai nascer o Fundo da Aldeia, que pretende ressuscitar e valorizar a região. Em conversa com o Dinheiro Vivo (DV), João Amorim explica que o projeto ainda está a dar os primeiros passos. O conceito está a ser desenhado, mas a ideia passa por investir cerca de um milhão de euros na recuperação das casas e transformação dos currais em alojamentos. O desejo é ter o Fundo da Aldeia aberto no verão de 2024, contribuindo para a criação de emprego, gerando turismo e um novo impulso na valorização daquela zona. João Amorim assume-se como "um amante da montanha" e ter um refúgio no interior era algo que idealizava há muito. A preferência recaía sobre a Serra da Freita (região de Arouca), mas a oportunidade não surgiu aí. No verão de 2022, enquanto trabalhava na promoção de um dos Caminhos de Santiago, descobriu a região de Castro Laboreiro e a ideia de ter uma casa na montanha transformou-se num projeto mais ambicioso.."No último verão, fiz um dos Caminhos de Santiago - o Caminho da Geira e Arrieiros - que está a ser promovido. Passa pelo Gerês, entra em Espanha e volta a Portugal na zona da Serra da Peneda, em Castro Laboreiro. Não conhecia Castro Laboreiro e fiquei lá um dia extra, porque sabia que era um sítio bonito e quis juntar o útil ao agradável", relata. O líder de viagens ficou a conhecer melhor a zona e começou a encarar aquela região como uma alternativa à Serra da Freita. Voltou com familiares à região castreja para a passagem de ano e foi já nos primeiros dias de 2023´, após encontrar uma habitação à venda, que fechou negócio. "Acabamos por comprar meia aldeia em Castro Laboreiro a partir de uma ideia de ter uma casita no meio da Serra da Freita. É um investimento familiar para ser algo sólido e com sentido, sustentável para todos", detalha. O investimento foi feito em conjunto com o pai e com um primo..João Amorim não revela o valor do negócio para evitar interpretações erradas. "Independentemente do valor que pagamos, interessa o valor que vamos gastar. Entre o que queremos fazer e o volume de casas que adquirimos, facilmente vamos ter de fazer um investimento num valor próximo de um milhão de euros", refere. O valor inclui a compra dos imóveis e uma estimativa de quanto terá de ser alocado para recuperar os mesmos, de acordo com o jovem empreendedor. "Queremos transformar isto num projeto de turismo rural", revela Amorim, sublinhando que não é o eventual lucro que o projeto possa criar que o move. O jovem diz que não é investidor, nem está a tornar-se num empresário, quer sobretudo contribuir para a valorização da região. Fundo da Aldeia é o nome do projeto que está a desenvolver. "Queremos tornar o Fundo da Aldeia num sítio inclusivo", diz. O criador de conteúdos digitais explica que o projeto ainda está numa fase embrionária. O projeto Fundo da Aldeia está a ser feito, ainda vão ser feitos estudos, serão pedidas licenças e orçamentos. De acordo com João Amorim, o objetivo é ter esta primeira fase concluída dentro de seis e criar condições para que todas as obras estejam concretizadas dentro de um ano. "Temos noção que temos uma coisa com valor", assevera, acrescentando que o que está a pensar fazer só será possível com alguns apoios. Por isso, está a preparar candidatura a "financiamentos específicos" para o Fundo da Aldeia. Além disso, está disponível para acolher no projeto mais parceiros. Ao DV, conta que tem sido contactado por diferentes pessoas nesse sentido, mas reitera que o projeto ainda está numa fase inicial..Este é um projeto único, segundo João Amorim. O grande desejo é criar um conjunto de casas e alojamentos acessíves "para todos os bolsos e todos os gostos", dando também condições de mobilidade - "tornar o sítio propício também para pessoas com incapacidades motoras". "Vamos ter dormitórios, T1, T2, T3, sítios muito espaçosos. Quem quiser gastar mais dinheiro e ter um espaço mais confortável e espaçoso vai ter essa possibilidade, mas também o caminhante que está fazer os Caminhos de Santiago - como eu fiz - terá na Varziela um dormitório onde poderá ficar e pagar meia dúzia de tostões, sem ter que pagar um quarto sozinho de 50, 60 ou 100 euros", explica. João Amorim acredita que o Fundo da Aldeia terá um impacto positivo na região. "Será o princípio de muitos outros projetos aqui na zona no futuro, espero. A Varziela está abandonada e são estes projetos que criam emprego, atenção, ajudam as pessoas que ainda cá vivem a continuar por cá", salienta. "O nosso objetivo é valorizar a zona, esta zona tem valor pela sua cultura e pelas suas pessoas", conclui o jovem empreendedor, assegurando que este é um projeto único. João Amorim não "quer ter dez Varzielas", mas sente ter no Fundo da Aldeia uma oportunidade de "fazer uma coisa que gosta e de contribuir".