Lares de idosos. Privados faturam mais de 330 milhões

O setor das residências para a terceira idade poderá registar uma quebra no negócio devido à covid, mas há grupos que mantêm intenções de investir.
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O negócio das residências para idosos tem registado um crescimento constante nos últimos anos e despertado a atenção de grupos nacionais e internacionais para o setor. As intenções de investimento nesta área têm-se multiplicado, mas a pandemia poderá travar alguns projetos.

No ano passado, Portugal contabilizava 729 lares privados, com uma capacidade de cerca de 22 mil lugares, que geraram um volume de negócios global de 330 milhões de euros, um aumento de 3,1% face a 2018, avança um estudo da Informa D&B. Segundo o documento, o setor tem apresentado crescimentos contínuos na última década, mas a consultora admite que neste ano se verifique uma contração da faturação devido à covid.

Para já, o grupo Clece, detido por Florentino Pérez (presidente do Real Madrid), vai reforçar a sua presença em Portugal com a abertura de uma nova residência em Madorna, Cascais, que se juntará às unidades Clece Vitam de Fátima e de Lisboa. Segundo Bruno Moreira, responsável do grupo em Portugal, “com a atual situação que vivemos [a pandemia], não estamos a analisar novos projetos”, mas apenas a dar continuidade à nova residência de Cascais, “que está ainda em fase inicial de construção”.

O responsável adianta que, em Fátima, o grupo tem capacidade para 61 residentes e a taxa de ocupação está totalmente preenchida. Já o lar em Lisboa, que abriu em meados do ano passado, pode receber 120 utentes, estando a ocupação a 60%.

A José de Mello Residências e Serviços também não tem intenções de travar o plano de expansão. A empresa, que detém duas residências assistidas (Lisboa e Estoril) e um condomínio residencial (Lisboa), num total de 213 camas e 19 apartamentos, mantém a ambição de aumentar a oferta quer na capital quer noutras cidades. “A situação de pandemia não teve qualquer impacto no plano de expansão que está definido”, disse fonte oficial da José de Mello. Recorde-se que a empresa firmou, no final do ano passado, uma parceria com o grupo Ageas Portugal (que passou a deter uma participação de 30% na Sociedade Portuguesa de Serviços de Apoio e Assistência a Idosos), tendo em vista a expansão da atividade das residências seniores. No ano passado, a José de Mello Residências registou uma faturação de 7,5 milhões de euros.

Em plena pandemia, a Residências Montepio abriu uma unidade de cuidados continuados em Albergaria-a-Velha, com capacidade para 40 utentes. Este centro vem somar-se às sete residências que já explorava e que respondem no total por 523 camas privadas e 438 em RNCC (Rede Nacional de Cuidados Continuados). A empresa faturou, no ano passado, cerca de 22,5 milhões de euros, segundo informações disponibilizadas em fevereiro ao Dinheiro Vivo. A Residências Montepio, que está a preparar o plano de contingência de inverno, não se disponibilizou desta vez a fornecer novas informações sobre a atividade.

O negócio em Portugal também captou o interesse do grupo de origem francesa Orpea. Esta multinacional, que iniciou em 2018 operação no nosso país, tem oito residências espalhadas pelo território nacional e um hospital em Azeitão, num total de 711 camas, adiantou fonte oficial. O grupo, cotado em Bolsa, desenvolve o seu negócio em França, Itália, Espanha, Bélgica, Suíça, Alemanha, Áustria, Polónia e República Checa.

Além de cuidados médicos e de enfermagem, a maioria destas residências fornece um conjunto de serviços que podem ser considerados de luxo. A José de Mello Residências, por exemplo, disponibiliza restaurante, cabeleireiro, atividades lúdicas diárias, como pintura, ginástica, música, passeios, jornais e revistas. No grupo Clece também se aposta numa oferta alargada, destacando-se a animação sociocultural, ginásio, biblioteca, cuidados estéticos e assistência religiosa.

Os preços não são para todas as bolsas. Nas residências Clece Vitam, “estão alinhados com os preços de mercado e variam em função das necessidades/preferências dos residentes, seja por tipologia de habitação seja por serviços adicionais associados”, diz Bruno Moreira sem revelar números. Na José de Mello, os valores são determinados mediante estadia e tipologia da suite, com mensalidades a partir de 1990€.

Em março deste ano, contabilizavam-se no país 2482 lares para idosos, dos quais 1753 são de caráter não lucrativo, diz a Informa D&B. A capacidade das residências não lucrativas ascendia a cerca de 77 200 (78% do total).

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