Larus. O mobiliário urbano português à conquista dos EUA

Mercados externos valem já 35% das vendas da empresa de Albergaria-a-Velha, que acaba de ganhar um contrato no Sri Lanka.
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Entrar no mercado americano e consolidar posições no Médio Oriente e na Europa são a grande aposta da Larus, a empresa de mobiliário urbano de Albergaria-a-Velha. O Sri Lanka é a mais recente conquista da marca, selecionada para mobilar os espaços públicos do maior empreendimento imobiliário da cidade de Colombo, o Keells Waterfront. Um “bom negócio”, diz Pedro Martins Pereira, CEO da Larus, resultado da escolha da multinacional de arquitetura Balmond Studio, responsável pela execução do empreendimento, que estará concluído em 2019.

“A crise em Portugal levou muitos arquitetos a emigrarem e a serem incorporados nos melhores gabinetes de arquitetura do mundo. É o caso da Balmond Studio, onde estão dois arquitetos portugueses e que selecionaram peças nossas para este projeto.” Em causa estão os dissuasores do modelo Vesúvio, desenhados para a Larus pelo arquiteto Alcino Soutinho, e que “irão proteger os passeios pedonais da invasão ilícita dos veículos automóveis”. O valor do negócio não é indicado, apenas que foram vendidas cerca de 600 peças para este projeto que engloba um hotel de seis estrelas, shopping, habitação de luxo e escritórios.

Com uma faturação de 1,8 milhões de euros em 2017, valor que espera poder aumentar para dois milhões este ano, a Larus exporta 35% do que produz, em especial para o Médio Oriente, com destaque para países como o Dubai ou o Koweit, Inglaterra, França, Itália, Espanha ou Marrocos. E há pouco mais de uma semana assinou o primeiro contrato de fornecimento para os Estados Unidos e para a Polónia, em resultado dos novos distribuidores de que dispõe nestes países. “O nosso representante em Inglaterra é um irlandês que, preocupado com o brexit e a quebra de negócios no país, está à procura de mercados alternativos, transferindo parte da sua atividade para a costa leste dos Estados Unidos. Foi através dele que fizemos a primeira venda para este mercado, embora ainda simbólica. E está-nos a pedir, também, para trabalhar os países nórdicos, onde não temos representação.”

O potencial é “muito grande”, reconhece o empresário, mas há dificuldades a ultrapassar, designadamente para dar resposta à legislação americana que é diferente da europeia. Mas a Larus tem vantagens sobre os concorrentes locais. “Normalmente o que se faz nos EUA na nossa área é forte e feio. Nós podemos fazer forte, mas não é feio, o que nos traz grandes oportunidades. Já para não falar no fator preço.”

Reforçar a componente internacional é o objetivo, mas Pedro Martins Pereira não quantifica as metas. “Não temos qualquer teto, até porque, se conseguirmos que os mercados externos pesem mais do que o interno, os resultados da empresa melhoram muito”, admite, sublinhando que a Larus tem, neste momento, uma “dinâmica muito grande” na Polónia, na Rússia e mesmo no Médio Oriente.

Criada em 1988, a Larus começou por desenvolver e produzir quiosques para a cidade de Aveiro. Mas foi a produção da sinalética para a Expo’98 que constituiu o “momento decisivo” na implantação da marca que hoje tem uma “presença muito forte” no mercado nacional.

Serralves e Avenida dos Aliados, no Porto, e Ribeira das Naus e Alta de Lisboa, na capital, são alguns dos principais projetos da empresa, que trabalha em “estreita colaboração” com alguns dos mais conceituados arquitetos e designers nacionais, como Siza Vieira, Souto Moura, Daciano da Costa, Alcino Soutinho, Henrique Cayatte ou Francisco Providência, entre outros.

África é outra das apostas. A empresa vende já para Marrocos e Angola - mercado que chegou a valer meio milhão de euros, mas está, agora, reduzido a praticamente nada -, mas quer entrar numa nova área de negócios. Em parceria com a Iberia Advanced Health Care desenvolveu o projeto Africa Life que consiste em unidades de saúde em contentores com isolamento térmico, com painéis fotovoltaicos e ar condicionado, “adequadas a locais desapoiados e com difíceis condições de acesso”.

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