LineaMédica quer crescer por fusões e aquisições

Empresa de dispositivos médicos vê na cirurgia plástica reconstrutiva e estética uma clara oportunidade para expandir o negócio no país.
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A LineaMédica, especializada no fornecimento de dispositivos médicos, quer iniciar uma nova fase de expansão do negócio. A empresa está "sólida e sem dívida", e preparada para "crescer por aquisições e fusões", revela Victor Rodrigues, CEO e acionista. O plano de expansão é desafiante. O gestor admite comprar uma empresa que apresente uma dimensão adequada e garanta economia de escala, mas também está disposto a avançar com uma fusão para ganhar sinergias e músculo. Segundo adianta, "o mercado tem muitas distribuidoras, mas não há cultura de fusões".

A LineaMédica encetou já este ano uma aproximação a uma firma congénere. "O sortido adaptava-se muito bem, mas verificou-se alguma falta de transparência nas contas. Não inspirava confiança", diz Victor Rodrigues. O negócio caiu, mas o projeto de crescimento mantém-se, sendo que outro dos objetivos é voltar a ganhar espaço em Espanha e nos países africanos de língua oficial portuguesa.

Entretanto, Victor Rodrigues iniciou "contactos com uma empresa portuguesa [cuja designação não revela] para abordar em conjunto o mercado angolano". As vendas da LineaMédica para este país, com "resultados muito bons nomeadamente na área da ginecologia/obstetrícia", foram interrompidas com a pandemia, mas o objetivo agora é retomar esse mercado. Na senda de ganhar dimensão, o gestor também não descarta "olhar para eventuais parcerias com empresas estrangeiras", nem a entrada de investidores estratégicos que possam alavancar o crescimento desejado. Como salienta, "a saúde é um setor refúgio para muitos investidores". Criada em 2001, a empresa do Porto quer "assegurar que a organização se perpetua".

Nestes mais de 20 anos de atividade, a LineaMédica criou a primeira marca portuguesa de cobertura cirúrgica de uso único, a Sterisafe, apostando em modelos standard e customizados (feitos à medida). A produção está nas mãos da Fapomed, indústria portuguesa fundada por Orlando Lopes da Cunha, acionista maioritário da distribuidora do Porto. Segundo Victor Rodrigues, "o sortido é abrangente, seguro, suficientemente competitivo" e permitiu à empresa posicionar-se neste mercado pela capacidade de resposta. "Conseguimos em 24 horas entregar em qualquer parte do país", garante. Foi uma resposta aos clientes dos setores público e privado, que pretendiam "artigos customizados, produtos nacionais e tinham urgência" nas entregas. "Criámos uma disrupção nas cadeias de abastecimento", que "em teoria respondiam em dois dias, mas na prática eram quatro", sublinha.

Quando surgiu a forte concorrência dos países do Oriente, a LineaMédica decidiu que estava na altura de diversificar o risco e apostaram noutras áreas, como o vestuário clínico não estéril e artigos de proteção de equipamentos médicos. Também por essa altura, a empresa entra na área da cirurgia plástica reconstrutiva e estética, com a representação da marca alemã Polytech, sendo hoje "um dos fornecedores mais relevantes" no país. Agora, está a olhar com especial atenção para o mercado da cirurgia plástica não invasiva, do bem-estar e do envelhecimento ativo.

No ano passado, a LineaMédica registou vendas de 5,9 milhões de euros, uma quebra de 19% face a 2021, que é justificada pelos fornecimentos extraordinários que a covid-19 originou. Já para este exercício, a previsão é de 6,2 milhões de euros, faturação superior a um milhão de euros quando comparada com 2019. A exportação pesará 3%, sendo Espanha o único mercado no momento. Segundo Victor Rodrigues, 50% do negócio é gerado pelas coberturas cirúrgicas.

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