O último relatório de avaliação PISA (Programme for International Student Assessment), de junho deste ano, coloca Portugal na 16ª posição, no conjunto dos 20 países e economias participantes, deixando o desempenho dos estudantes portugueses abaixo da média dos países da OCDE. Estes indicadores demonstram que há espaço para melhorias significativas na educação, entre elas, na educação financeira. Por isso, em boa hora vemos o lançamento do projeto “Literacias”, e da inclusão de uma maior diversidade de disciplinas no ensino secundário, entre elas a literacia financeira. Saúdo, em particular, a inclusão desta temática, pois é um inegável primeiro passo, que demonstra a vontade do Governo em ajudar os mais jovens a terem ferramentas para poderem tomar melhores decisões financeiras e assim estarem mais bem preparados para o futuro e respetivas responsabilidades financeiras..É urgente trabalharmos para uma sociedade mais esclarecida e mais responsável financeiramente, por isso esta iniciativa é da maior importância, contudo, seria ainda mais benéfico introduzir a disciplina logo no ensino primário. Na adolescência, há mais entraves, os hábitos já estão mais enraizados, e pode ser mais difícil sensibilizar os jovens para pequenas (grandes) mudanças no seu dia-a-dia e na forma como gerem o dinheiro e os seus gastos e portanto, os resultados finais poderão não ser exatamente os esperados. Introduzir este tipo de competências desde os primeiros anos de escolaridade, possibilitaria às crianças sentirem-se mais familiarizadas com esta área desde cedo, desmistificarem e simplificarem os temas relacionados com finanças, assegurando ainda melhor o seu futuro. Explicar aos mais pequenos a importância da poupança e de como funcionam os investimentos financeiros, principalmente num contexto de incerteza como o que temos vivido nos últimos anos, será a chave para garantir um “amanhã” mais seguro..Foi também com esta missão que há sensivelmente três anos, fiz parte da criação do projeto "Mini-Heróis da Poupança", cujo objetivo é promover a literacia financeira entre as crianças e os jovens, incentivando hábitos de poupança e a compreensão do valor do dinheiro desde cedo. Este projeto educativo, apresentado nas escolas a partir do ensino primário, pretende ensinar, de forma lúdica e pedagógica, conceitos básicos de economia, poupança e gestão financeiras. A literacia financeira, avaliada neste programa, inclui conhecimentos sobre planeamento financeiro, compreensão de produtos financeiros, capacidade de tomar decisões informadas, gestão de riscos e capacidade de adaptação às mudanças financeiras. Todas estas atividades e conteúdos adaptados às crianças procuram, não só criar uma base sólida de conhecimentos financeiros, mas sensibilizar para a importância da poupança e do planeamento financeiro como forma de poderem alcançar os seus objetivos futuros..No que diz respeito aos conteúdos, qualquer disciplina de literacia financeira deve conter, como temas centrais, “comportamento financeiro responsável”, “gestão das finanças pessoais”, como a elaboração e análise de um orçamento financeiro, noção de poupança e investimento, “relação entre débito e crédito” e, ainda, “compreensão do mercado financeiro”. Espero, também por isso, que esta possibilidade de abrir horizontes possa vir a ser integrada em muito mais do que os sete agrupamentos escolares que vão iniciar este novo projeto, por exemplo, em mais escolas privadas, em associações e outros organismos públicos ou semipúblicos..Acredito que, dada a importância do tema, haja muito potencial para que esta medida seja, em breve, estendida a todo o território nacional, já que uma elevada literacia financeira é uma garantia de que os jovens conseguirão ter ferramentas para um futuro mais sustentável e com menos potenciais surpresas. É obrigação de todos, saber preparar as novas gerações para tomarem decisões financeiras conscientes e responsáveis ao longo da vida..Diretora adjunta da DS Intermediários de Crédito