Mais de metade das casas têm contadores inteligentes de eletricidade em telegestão, faltando ligar 2,9 milhões de clientes. Uma meta que a E-Redes, antiga EDP Distribuição, terá de cumprir até ao final de 2024, de acordo com a nova Lei de Bases para o Sistema Elétrico aprovada no arranque deste ano. Um prazo que a concessionária da rede de distribuição de eletricidade considera "desafiante", mas garante que irá cumprir, assegurou fonte oficial da empresa ao DN/Dinheiro Vivo.
No total, há 6,3 milhões de locais de consumo. Até ao momento, já se encontram instalados cerca de 4,3 milhões de contadores inteligentes em Portugal Continental, o que significa uma cobertura de dois terços dos clientes. Deste total, "3,4 milhões de contadores inteligentes encontram-se já em telegestão", adiantou a E-Redes. Ou seja, mais de metade dos locais de consumo de baixa tensão já estão ligados, permitindo a recolha de dados automática, dispensando o envio de leituras, por exemplo, e possibilitando a emissão de faturas, por parte dos comercializadores, sem recurso a estimativas ou acertos. Há ainda 900 mil aparelhos que, apesar de já terem sido instalados, ainda não estão integrados em redes inteligentes totalmente funcionais.
Segundo as novas regras, aprovadas recentemente pelo governo após a consulta pública realizada pelo regulador do setor (ERSE), até ao final de 2024 a E-Redes "tem de assegurar a cobertura a 100% de contadores inteligentes dos clientes finais". Questionada sobre se se tratava de um prazo exequível, a empresa referiu que sendo estes equipamentos "fundamentais para a transição energética, a E-Redes irá certamente cumprir o que está definido na legislação".
Isto apesar de confessar ser "um objetivo desafiante, tendo em consideração a dimensão do esforço logístico associado, em particular no que respeita à disponibilidade de equipamentos e à necessidade de mão de obra para essa operação". Porém, a antiga EDP Distribuição garante que "continuará a desenvolver todos os esforços para integrar na rede inteligente todos os 6,3 milhões de locais de consumo". Até ao momento, a E-Redes investiu 230 milhões de euros na implementação da rede inteligente, da qual fazem parte estes novos contadores.
A fase piloto de integração destes equipamentos inteligentes, para validação da solução, teve início em 2009. Seguiu-se o lançamento do projeto-piloto em Évora, o ensaio alargado em várias zonas do país, a par do desenvolvimento da tecnologia necessária para o funcionamento de todas as comunicações. O alargamento progressivo dos equipamentos de nova geração a todo o território continental aconteceu pouco depois, tendo por base um plano anual, relembrou a E-Redes. Aliás, a instalação de contadores inteligentes acelerou a partir de 2015, quando a empresa do Grupo EDP optou por descontinuar a instalação de contadores convencionais.
Além da leitura à distância das faturas, estes dispositivos evitam também a deslocação de profissionais às casas dos clientes. E segundo os números avançados pela E-Redes, só este ano, através da realização de 660 mil ordens de serviço remoto e mil milhões de leituras, vão evitar a emissão de duas mil toneladas de CO2.
A nova Lei de Bases do Sistema Elétrico foi aprovada no arranque deste ano e, como explicou na altura o secretário de Estado da Energia, o diploma pretendia ter "um sistema muito mais flexível, dinâmico e plenamente integrado com os objetivos da descarbonização".
Nesse sentido, como sublinhou João Galamba, para facilitar o caminho para a neutralidade carbónica, a lei "dá uma ênfase muito grande a todos os temas da digitalização das redes, do autoconsumo e das comunidades de energia".