Em entrevista ao Dinheiro Vivo, Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal, explica como foi possível às duas empresas chegar a acordo num tema que durante anos tanto as dividiu. Uma parceria que, garante, não tem impacto algum na opção de compra que detém na rede que partilhou durante anos com o antigo parceiro Optimus, agora concorrente na NOS.
Há muito que a Vodafone reivindicava o acesso à rede da PT, sem
sucesso. O que mudou para chegarem a este acordo?
Mudou
o contexto. No passado e como já tivemos oportunidade de referir, na
nossa leitura, a PT não estava crente da nossa real intenção de
investir de forma significativa e duradoura na área fixa e
convergente. Hoje, não restam dúvidas a ninguém e em particular
aos Clientes que têm vindo a subscrever o nosso serviço de forma
relevante, tornando-nos no operador que mais cresce em termos de
subscritores na área fixa. E, em reforço à estratégia local da
Vodafone Portugal, também o Grupo Vodafone tem demonstrado de forma
muito clara o seu empenho em ser na área fixa e convergente um
player de grande expressão. A prová-lo refiram-se as recentes
aquisições de operadores de cabo em Espanha e na Alemanha. A nova
leitura da PT sobre a estratégia da Vodafone, terá sido, a nossa
ver um importante catalisador deste acordo.
Na
senda do compromisso que assumiu com o País, a Vodafone Portugal
está a executar um plano de alargamento da atual rede de Fibra
(FTTH), tendo atingido este mês o importante marco de 1 milhão de
casas cobertas.
Nos
objetivos de expansão acelerada da rede FTTH, a Vodafone tem
procurado integrar parcerias com outras entidades e ainda
recentemente, em Maio deste ano, a operadora chegou com os seus
serviços fixos e convergentes a 44 municípios do Alto Minho e
Interior Norte do País, em resultado da parceria estabelecida com a
dstelecom.
Inserido
nessa mesma estratégia, a Vodafone Portugal celebrou com a PT um
acordo de partilha de Fibra que envolve 900 mil casas, permitindo a
cada um dos operadores acrescentar 450 mil novas casas aos seus
atuais planos. Significa isto que a Vodafone Portugal vai chegar com
fibra, até final de 2015, a mais de 2 milhões de casas ao invés
dos 1,5 milhões que havia anunciado ao abrigo do Projeto Spring.
Este
acordo - para além de permitir à Vodafone acelerar o seu plano de
expansão - possibilita, o que não é menos importante,
racionalizar em sã concorrência de investimentos e meios
infraestruturais, como há muito defendemos. Felizmente, a ação
regulatória do mercado em que sempre confiamos conduziu ambos os
operadores a um entendimento igual sobre a questão das redes. É um
acordo vantajoso para ambas as partes.
Em
acréscimo às parcerias já existentes, ao investimento em curso ao
abrigo do Projeto Spring e à rede já existente, este acordo alarga
de forma muito significativa a abrangência geográfica da rede de
FTTH da Vodafone, permitindo-lhe chegar a um maior número cada vez
maior de famílias e empresas que há muito aguardam a possibilidade
de poder usufruir dos serviços da Vodafone.
O mesmo prevê o acesso a 450 mil lares. Trata-se de apenas sobre
nova rede a construir ou sobre a totalidade da rede Vodafone/PT?
Abrange
ambas as situações. Novas casa no âmbito do projecto em curso da
Vodafone - agora redireccionado para novas geográficas onde a
Vodafone e a PT não estão presentes - e casa já existentes em
zonas onde existam casa ligadas de um só dos operadores subscritores
do acordo, resultando no final num reforço de cobertura de 450 mil
casas, permitindo a ambos chegar a um universo total superior a 2
milhões de casas.
Em
termos práticos, em vez da Vodafone e PT investirem em redes de
fibra nas mesmas zonas, sem qualquer benefício adicional para os
clientes, o investimento é feito em zonas complementares. Assim é
possível levar FTTH a um maior número de lares e empresas.
Concretamente cada operador chegará a cerca de 450 mil casas que, de
outra forma, não teriam acesso à fibra de ambos os operadores.
Que impulso este novo acordo irá dar à Vodafone na expansão da sua
rede de clientes de TV. Considera que poderá ajudar a contrariar
perda de clientes móveis que têm migrado para ofertas convergentes?
Este
é "apenas" mais um acordo que se junta aos demais que a Vodafone
já fez nesta área. O 1º deles foi com a Optimus, o 1º acordo de
partilha de redes de Nova Geração efetuado em Portugal. O 2º
acordo foi celebrado com a dstelecom e agora fechámos este acordo
com a PTC. Quer isto dizer, que este acordo corresponde à nossa
visão de racionalização do investimento e correspondente benefício
para o sector, para o mercado, para os Clientes e consequentemente
para o País.
Naturalmente
que uma expansão da rede de Fibra permite à Vodafone actuar no
mercado de uma forma mais abrangente e dessa forma responder melhor e
mais rapidamente aos muitos Clientes Residenciais e Empresariais que
anseiam poder contar com a Vodafone como uma alternativa no seu
processo de selecção de operador convergente. Não se trata só de
ganhar Clientes de TV ou de soluções convergentes empresarias, como
seja o caso do OneNet p.e., mas de oferecer a globalidade das
soluções de telecomunicações que o mercado necessita.
A
Vodafone abrange já mais de 1 milhão casas, às quais disponibiliza
um pacote único no mercado nacional, com mais de 100 canais
TV+Internet com tráfego ilimitado + Voz Fixa ilimitada por 24,90
euros durante dois anos. O seu serviço de televisão, totalmente
desenvolvido em Portugal, é considerado de referência do seio do
Grupo Vodafone e continuará a pautar-se pela inovação que o tem
caracterizado até aqui - ainda recentemente lançámos o Live On
TV, o único serviço a nível mundial que permite transmitir em
direto para televisão tudo o que é filmado com a câmara de um
smartphone ou tablet. Somos hoje considerados a operadora com
melhores níveis de satisfação e a 1ª. escolha na seleção do
operador fixo. Segundo dados públicos da Anacom, a Vodafone é
também o operador que mais cresce em banda larga e televisão. Temos
razões, portanto, para estarmos otimistas.
Este
acordo em nada altera o processo da opção de compra da rede
anteriormente partilhada com a Optimus, o qual diga-se não está
sujeito a qualquer pressão. Existe um prazo e um processo
estabelecido e em devido tempo a Vodafone tomará a decisão que
melhor entender corresponder aos seus objectivos estratégicos. O
momento não é agora e nessa matéria tudo se mantém inalterado.