Mastercard reforça aposta em inteligência artificial no turismo e cibersegurança

Pagamentos mais seguros, mais rápidos e com cada vez mais informação útil para apoiar os pequenos e grandes negócios. Este é um dos grandes objetivos da Mastercard, que na quinta-feira reuniu, em Lisboa, dezenas de parceiros e clientes para debater o papel da inteligência artificial (IA) como ferramenta para gerar mais valor para a economia. “A Mastercard já tem 100 patentes em inteligência artificial, há muito tempo que a utiliza nos seus sistemas para criar um ecossistema mais seguro e resiliente”, sublinhou Maria Antónia Saldanha.

A responsável máxima em Portugal lembrou a importância da colaboração no panorama tecnológico, o lema que serviu de mote para uma manhã de partilha de novas soluções na área dos pagamentos durante o Mastercard Innovation Forum. “O tema é particularmente crítico porque não sabemos fazer inovação e desenvolvimento de negócio se não for em cocriação, num ecossistema em que trabalhamos juntos”, reforçou.

No Convento do Beato, o antigo claustro foi palco de demonstrações de ferramentas pensadas para aumentar a comodidade dos pagamentos, reforçar a segurança dos utilizadores e potenciar a análise de dados aplicada a setores como o do turismo.

Reinventar a mobilidade e o turismo
Em parceria com a Ubirider e o Grupo Barrqueiro, a Mastercard tem procurado promover a desmaterialização dos sistemas de bilhética nos transportes públicos, facilitando o pagamento de viagens através do sistema contactless. Além de acelerar a compra de bilhetes, permite reduzir a utilização de papel e plástico.

“Conseguimos fornecer dados em tempo real”, assegura a startup incubada na UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto. Estes dados podem ser utilizados para gerir a frota de veículos de transporte público, tornando mais simples a planificação de deslocações para os passageiros. O sistema está já implementado em Faro, Évora e na Ilha Terceira.

No turismo, a Mastercard instalou em Espanha um “hub global” dedicado ao setor “por estar no centro de uma região que atrai muitos turistas”. O objetivo, explicou a nova presidente da divisão da Europa Ocidental, Paloma Real, é “apoiar o desenvolvimento sustentável do turismo e ajudar a dar aos visitantes experiências positivas”. Em Málaga, por exemplo, a tecnológica aliou-se à Mabrian para criar uma plataforma alimentada por IA que recolhe, trata e analisa dados agregados que são disponibilizados às pequenas e médias empresas (PME) do setor.

“Esta ferramenta permite, a partir da análise dos dados, esclarecer as PME em todas as questões que possam ter relacionadas com o turismo. Pensámos nas perguntas típicas que uma empresa em Málaga teria se quisesse abrir um negócio local”, explicou Alex Villeyra, COO da Mabrian. O responsável mostrou-se “surpreendido” por Lisboa ter “tantos turistas americanos” e sublinhou o potencial de ferramentas como esta aplicadas à capital portuguesa. “A grande revolução é que, tipicamente, estes dados são consumidos por governos, mas aqui damos acesso a outro tipo de utilizadores. Esta informação permite adaptar os negócios em tempo real”, insiste Daniel Nieto, vice-presidente da Mastercard para o setor público.

Pagamentos mais seguros
Para Tom Harris, responsável de inovação no Mastercard Foundry, não há como evitar a transformação e “o ritmo de mudança que está a acelerar”, em particular na adoção de ferramentas à base de IA. “A computação quântica vai potenciar muito a capacidade da IA. Daqui a cinco anos, em 2030, 85% das competências tecnológicas de que vamos precisar ainda não existem”, alertou. O responsável, que participou no evento para falar sobre o futuro, lembrou a importância de usar soluções de IA que apoiem os trabalhadores, mas também os consumidores.

Um dos exemplos trazidos pela tecnológica dos pagamentos é o Click-to-Pay, que permite aos utilizadores deixar de introduzir os dados dos seus cartões de pagamento cada vez que fazem uma compra. “Basta que o utilizador se registe uma vez, os dados são validados com o banco e não precisa de voltar a introduzir as informações”, explicou Susana Rubio. A vice-presidente de inovação e pagamentos digitais para Portugal e Espanha confirmou que a solução deverá ser disponibilizada em território nacional até ao início do próximo ano.

Este é um de muitos projetos que a Mastercard desenvolveu para reforçar a segurança dos pagamentos, uma área cada vez mais valorizada pela empresa que abriu, já este ano, o Centro Europeu de Ciber-Resiliência em Bruxelas. “A segurança está na base de tudo o que fazemos. Temos de conseguir estar um passo à frente em tudo o que diz respeito a cibersegurança”, apontou Maria Antónia Saldanha.