Meo reduz trabalhadores da Direção de Tecnologias de Informação

Operadora está a reorganizar unidade usando uma figura jurídica denominada de "transmissão de estabelecimento". 37 trabalhadores são abrangidos
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O Meo prepara-se para reduzir o número de trabalhadores afetos à Direção de Tecnologias de Informação (DIT) que passam a fazer parte dos quadros de uma empresa externa, a WinProvit, através do recurso a uma figura legal designada por "transmissão de estabelecimento".

PT confirma acordo com a WinProvit que levou à saída de cerca de três dezenas de trabalhadores. "São 37 colaboradores no total, o que representa cerca de 6% dessa direção". Sindicato dos Trabalhadores da PT, indicou inicialmente que a decisão impactaria um terço da DIT, valor que posteriormente corrigiu.

"É a primeira vez que estão a usar esta figura tão radical, em que os trabalhadores não têm direito a recusar a passagem", diz Jorge Félix, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da PT (STPT), em declarações ao Dinheiro Vivo.

Questionada pelo Dinheiro Vivo, fonte oficial da operadora "confirma que acaba de assinar com a WinProvit um contrato de prestação de serviços para as áreas de apoio ao utilizador que prevê a transmissão para esta empresa das atividades de Service Desk, Desktop Management e Printing".

"Esta medida surge no âmbito de uma reorganização interna da Direção de Tecnologias de Informação da Meo e que prevê que a unidade de Helpdesk, função de suporte não core, passa a ser gerida por uma empresa de serviços especificamente vocacionada para esta área passando a empresa a contar com uma prestação de serviços mais focada que visa dar uma resposta mais rápida e eficaz às exigências inerentes a esta atividade, até aqui desenvolvida internamente", continua a mesma fonte.

Numa comunicação enviada aos funcionários, a operadora detida pelo grupo francês Altice fala ainda "na obtenção de sinergias funcionais e comerciais" com a integração desta área não core, na WinProvit, embora sem adiantar valores.

"Todos os atuais trabalhadores da unidade económica identificada da Meo serão incorporados e integrados, de acordo com as respetivas categorias profissionais, nos quadros e departamentos da WinProvit, mantendo todos os direitos adquiridos, decorrentes das respetivas relações laborais de base, incluindo designadamente, direito a férias, direito a subsídio de férias e retribuição de férias, direito a subsídio de Natal e, ainda à respetiva antiguidade", informa ainda o Meo na comunicação interna.

Os trabalhadores foram convocados na sexta-feira no auditório do Fórum Picoas, onde lhes foi descrito esta situação, reunião de duas outras reuniões com os representantes da Comissão de Trabalhadores e dos Sindicatos. Esta segunda-feira os trabalhadores receberam nova convocatória para uma reunião de acolhimento a 28 de junho, já com a WinProvit. A partir de 1 de julho os trabalhadores passam a estar afectos à WinProvit.

Esta empresa presta serviços de outsourcing à PT/Meo há cerca de 10 anos, esclarece Jorge Félix. "Neste momento, os trabalhadores ainda estão nos seus postos de trabalho a prestar os serviços", diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da PT.

"A WinProvit foi selecionada após a realização de um processo de consulta e seleção de fornecedores especializados nestas atividades, tendo sido escolhida por ser uma sociedade que tem vindo a trabalhar com a Meo já há vários anos em diversas áreas, enquadrando-se, desta forma, como a melhor alternativa para prestar o serviço", continua fonte oficial da PT/Meo. "De acordo com o acordo estabelecido, os colaboradores da Meo que migram para a WinProvit mantêm todos os termos e condições do contrato de trabalho em vigor na Meo, designadamente em termos de antiguidade e remuneração", reforça fonte oficial.

Empresa em reorganização desde junho de 2015

Desde que assumiu a liderança da PT Portugal/Meo, em junho de 2015, o grupo Altice começou um processo de reorganização da companhia, com a redução de direções, visando uma maior agilização da empresa. A reestruturação levou a movimentações de centenas de trabalhadores, tendo cerca de 300 ficado sem funções atribuídas, trabalhadores que a empresa já admitiu não contar no futuro, segundo fontes sindicais.

Desde essa data já saíram cerca de mil pessoas da PT/Meo. Em alguns casos, através da sua passagem para empresas terceiras, prestadoras de serviço. Mas até ao momento, estes processos foram voluntários. Ou seja, os trabalhadores tinham de autorizar a sua transferência para outra empresa.

Atualmente, a empresa tem cerca de 9500 trabalhadores no ativo. O Expresso noticiou em maio que o grupo Altice teria abordado informalmente o Ministério do Trabalho para pedir o estatuto de empresa em reestruturação, reduzindo em 3500 o número de trabalhadores. Um despedimento colectivo desmentido pelo grupo francês, que em Nova Iorque, para a apresentação da nova marca global do grupo, garantia que não havia quaisquer planos nesse sentido.

António Costa, Primeiro Ministro, já disse que o Governo não aprovaria um pedido dessa natureza. "O Governo não dará qualquer autorização para que existam esses despedimentos. Nada o justifica", disse.

(Notícia atualizada às 20h30 com informação da PT sobre o número de colaboradores atingidos por esta medida e impacto na direção)

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