O ministro da Economia, António Pires de Lima, tentará "retirar lições" da experiência britânica para a privatização dos CTT através da dispersão de capital na bolsa, disse hoje em Londres.
"Estou muito interessado em perceber como é que estes modelos funcionaram aqui no Reino Unido recentemente para poder retirar lições e corrigir alguns aspectos, se necessário, em Portugal", disse no primeiro de dois dias de uma missão na capital britânica para atrair investimento estrangeiro para Portugal.
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Pires de Lima pretende discutir o assunto num encontro na terça-feira com o homólogo britânico, Vince Cable, que conduziu a operação, que resultou na privatização de 62% do capital do Royal Mail.
O Governo britânico tem sido alvo de críticas devido à forma como decorreu a dispersão em bolsa, cujas ações, colocadas à venda por 3,3 libras (3,9 euros), valorizaram mais de 50% numa semana, para acima de cinco libras (5,91 euros).
Pires de Lima não se mostrou desencorajado e reiterou a confiança que uma Oferta Pública de Venda (OPV) do capital dos Correios de Portugal (CTT) no início de dezembro vai permitir "maximizar a receita para o Estado".
Um dos fatores de otimismo tem a ver com o desempenho da economia portuguesa e do mercado de capitais, que, salientou, cresceu 22% nos últimos três meses em Portugal, em termos de cotações do PSI20.
"É evidente que nas nossas análises não foi um fator despiciendo a boa evolução de empresas similares, no Reino Unido e na Bélgica, em processos de bolsa no espaço de tempo", admitiu.
O ministro da Economia não quis dizer se o Governo vai repetir este modelo para a privatização de outras empresas públicas no próximo ano.
"O modelo de privatização de cada empresa será decidido caso a caso e, portanto, não é legítimo fazerem-se extrapolações com a decisão que tomámos para os CTT", na qual vão privatizar até 70% do capital, concluiu.
Pires de Lima encontra-se em Londres acompanhado dos secretários de Estado Adjunto e da Economia, Leonardo Mathias, e da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves, além do presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Pedro Reis.
Hoje reúne-se com o presidente da Confederação da Indústria Britânica, Michael Rake, e terá um almoço com economistas de 17 fundos e bancos de investimento, encerrando o dia com um encontro com jovens empreendedores e jovens quadros portugueses que trabalham em Londres.
Na terça-feira tem na agenda mais reuniões com investidores da 'City', o centro financeiro londrino, e com o homólogo, o ministro da Economia britânico, Vince Cable.