A Miss Pavlova, marca portuense que se consagrou pela confeção da sobremesa cuja origem é disputada pela Austrália e Nova Zelândia (a designação Pavlova foi uma homenagem à bailarina russa Anna Matveyevna Pavlova, pela sua delicadeza e leveza), abriu recentemente uma loja bandeira na Ribeira do Porto, num investimento de 300 mil euros. A Miss Pavlova Maison ainda não entrou em velocidade cruzeiro, mas a fundadora desta love brand, Ana Maio, está já a trabalhar na abertura de uma nova loja no norte do país e, em simultâneo, a estudar oportunidades de internacionalização. A entrada na grande distribuição premium também está para breve.
Na Miss Pavlova Maison, Ana Maio apostou num conceito de viennoiseries (oferta de pastelaria para pequenos-almoços e lanches), conjugado com uma vertente cultural e formativa. O novo espaço, onde predomina o cor-de-rosa - "I believe in pink", é o mantra da empreendedora -, pretende ser acolhedor como uma casa, onde os clientes podem desfrutar das famosas pavlovas e os não menos reconhecidos macarons, mas também de outros pastéis confecionados dentro de portas, folhear na biblioteca livros de cozinha, design e decoração, fruir a exposição em cartaz, beber um cocktail no Pink Bar e, em breve, participar em workshops e podcasts de culinária.
Ana Maio está também a preparar o lançamento de um brunch e de um programa de harmonização de macarons com vinho do Porto, em parceria com a produtora de vinhos Poças. Este último projeto está mais direcionado para turistas, aproveitando a localização da nova loja, numa das artérias mais calcorreadas pelos visitantes estrangeiros. Aliás, como conta, os turistas é que lhe abriram a janela para olhar o exterior como um potencial mercado de vendas.
Os pedidos têm chegado e Ana Maio está agora a estudar parcerias para a distribuição de alguns dos seus produtos. Segundo avança, "há um investidor dos EUA que quer conhecer a Miss Pavlova", o que deverá acontecer ainda antes do verão. Para fora, a jovem empreendedora vai apostar em comercializar artigos embalados, como bolachas agridoces e curds (de origem inglesa, é uma coalhada de frutas para acompanhar scones ou pão, e que também é utilizada para cobertura de sobremesas) de limão e maracujá.
Mas os voos que Ana Maio projeta não estão todos além-fronteiras. A fundadora daquela que já é uma love brand (com mais de 50 mil seguidores no Facebook e perto de atingir esse número no Instagram, redes que também têm alavancado as vendas) vai abrir ainda este ano uma nova loja na região Norte. O projeto está em fase avançada, mas a concreta localização está guardada no segredo dos doces. Em perspetiva, está a abertura de mais espaços próprios e a expansão da marca em regime de franchising. "Primeiro quero consolidar o projeto, crescer mais um bocadinho e então avançar com novas localizações", diz. "Queremos muito ir para Lisboa", sublinha.
Na realidade, a Miss Pavlova tem clientes espalhados pelo país, que fornece através da loja online, e quer suprir de outra forma esses pedidos. Quanto ao franchising - já teve solicitações -, é ainda um projeto a longo prazo, pois pode trazer alguns problemas à marca, considera. Todos estes planos comportam novos desafios, nomeadamente em termos de produção e de recursos humanos.
Para já, a Miss Pavlova tem duas lojas físicas, a recém-inaugurada na Ribeira do Porto e outra no NorteShopping, a que soma o canal digital, sendo que também responde a um conjunto de clientes empresariais (B2B). A empresa, que tem sob alçada 20 colaboradores, detém um centro de produção na Maia, que abastece toda a estrutura. Desta cozinha saem por ano 12 mil pavlovas e 150 mil macarons, a pastelaria estrela da marca. No ano passado, a faturação atingiu os 500 mil euros, um aumento "claramente acima dos 10% e ultrapassando os números de 2019", adianta. Desde a sua fundação, em 2013, que é rentável.
A Miss Pavlova é detida a 95% por Ana Maio, que cedeu uma participação de 5% a Cláudio Moreira, chef pasteleiro há seis anos na casa e que conquistou o seu lugar no projeto.