Montepio trava venda da Throttleman

O futuro da Throttleman está nas mãos do Tribunal da Relação do Porto. Luís Gomes, o administrador de insolvência, queria vender a marca portuguesa de vestuário a uma empresa têxtil da Trofa, que ofereceu 80 mil euros. Mas o Montepio, um dos maiores credores, pediu a anulação do negócio por considerar o valor demasiado baixo. A Brasopi, a empresa que detinha a marca Throttleman, tem dívidas de 34,5 milhões de euros, dos quais só 130 mil foram recuperados.
Publicado a

Luís Gomes teme que o potencial comprador, o único que apresentou uma oferta pela Throttleman, possa perder o interesse no negócio. "A proposta foi colocada para ser adjudicada de imediato", afirmou ao Dinheiro Vivo". E se a têxtil da Trofa - o administrador de insolvência recusa indicar o nome do potencial comprador enquanto o negócio não estiver fechado - se cansar de esperar? "Vamos ver. Se o proponente já não estiver interessado, teremos de lançar nova diligência para vender a marca, mas confesso que duvido muito que apareça mais alguém. Se até agora só apareceu uma proposta...", sublinha.

Se não aparecer ninguém para comprar a marca, a Throttleman está condenada a desaparecer. E o Montepio, que considera os 80 mil euros um montante muito inferior ao valor real da marca, corre o risco de não ver dinheiro nenhum. "Se a marca não se vender é evidente que os credores não recebem nada", frisa Luís Gomes. O administrador de insolvência classifica a atitude do Montepio, de recorrer da decisão de adjudicação da marca, como "um absurdo". "Se não concordam, façam o favor de dar mais. Se não dão, não têm razão."

Em tribunal corre ainda um outro processo relativo às lojas Throttleman que estão em operação, exploradas pela Crivedi, que foi o maior fornecedor da Brasopi. Esta dispunha de um contrato que lhe dava direito ao uso da marca, em caso de insolvência, até esgotar os stocks e se ressarcir de determinados investimentos. Nesse sentido, a Crivedi terá arrendado cinco espaços comerciais que eram ocupados pela Throttleman, em centros comerciais do Porto, e continuou a usar a marca.

Luís Gomes assume que se viu forçado a resolver o contrato por decisão dos credores, embora seja favorável à manutenção das lojas em operação. "O uso da marca é bom. Mantém-na visível e evita que os stocks que existem para aí sejam vendidos ao desbarato nas feiras." Os credores tinham aprovado, em 2013, o plano de recuperação da Brasopi e tudo indicava que o futuro seria risonho. Mas o fisco não aceitou o perdão de 80% para juros antigos. Um ano depois, e sem solução à vista, parece não haver outra solução senão o fim da Throttleman.

Do sucesso à falência em apenas 20 anos

Nascida em 1991 pela mão de três jovens executivos - Pedro Pinheiro, Eduardo Barros e Nuno Gonçalves -, a Throttleman chegou a faturar 27 milhões de euros e a dar emprego a 750 pessoas, com 60 lojas em Portugal, além dos espaços comerciais nos Emirados Árabes Unidos e em Angola. A Brasopi, a empresa que detinha a Throttleman, lançou em 2008 uma segunda marca de vestuário, a Red Oak, e abriu 16 lojas. Mas foi apanhada no turbilhão da crise financeira de 2008 e acabou por pedir o Processo Especial de Revitalização. Estávamos em finais de 2012 e as duas marcas tinham acumulado dívidas de 45 milhões de euros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt