Dois investigadores, da Universidade de Harvard e da Escola de Medicina do Hospital Monte Sinaí, enumeraram as 12 neurotoxinas - substâncias químicas capazes de alterar o funcionamento do sistema nervoso - que se conhecem até agora. O nome é pomposo, mas estão presentes nos produtos mais comuns do dia a dia. O jornal espanhol El Confidencial descreve onde podem ser encontradas estas substâncias..Manganésio.É um metal, essencial para a nossa dieta, utilizado como pigmento desde a pré-história. O ser humano deve ingerir entre 1 e 5 miligramas de manganésio, mas o seu consumo em excesso, a partir dos 11 miligramas, produz efeitos tóxicos. Um estudo de 2010, por exemplo, demonstra que a exposição prolongada a esta substância está associada a uma queda dos níveis de inteligência das crianças em idade escolar. A grande maioria das latas de alumínio para bebidas contém entre 0,8% e 1,5% de manganésio..Flúor."É uma espada de dois gumes", diz ao El Confidencial um dos investigadores. Se, por um lado, doses baixas desta substância, habitualmente encontrada nas pastas de dente, são comprovadamente benéficas para a saúde, grandes doses provocam lesões nos ossos e nos dentes, além de poderem afetar o desenvolvimento cognitivo..Clorpirifós.Este inseticida de uso agrícola, utilizado no cultivo de produtos como o algodão ou amêndoas, começou a ser comercializado na década de 60. Só em 2001 é que a agência de proteção do meio ambiente dos Estados Unidos restringiu o seu uso nas plantações agrícolas. A substância decompõe-se rapidamente na atmosfera, mas pode chegar às nossas frutas e legumes. As mulheres grávidas, por exemplo, devem comer produtos biológicos, que têm menos 80% a 90% desta substância..DDT.É outro inseticida, que teve o seu momento de glória na primeira metade do século XX. Hoje, está comprovado o seu perigo: afeta a glândula suprarrenal, o cérebro, o fígado, o nervo, o sistema reprodutivo e os fetos, chegando mesmo a causar cancro e tumores..Tetracloroetileno.Comercialmente, esta substância é conhecida por percloroetileno. É usada, habitualmente, nas indústrias têxtil e siderúrgica, e pode provocar danos cerebrais nas crianças e inúmeros problemas nos adultos que estão em contacto com ela de forma constante - os trabalhadores das indústrias já mencionadas, essencialmente..Bifenilos policlorados.Conhecidos como "PCB", os bifenilos policlorados foram usados massivamente até meados da década de 70, como substância isolante em equipamentos elétricos, como interruptores ou termostatos, por exemplo. A sua concentração afeta o sistema nervoso dos fetos e, consequentemente, a capacidade intelectual. Atualmente, o seu uso está proibido em quase todo o mundo..Éteres polibromodifenílicos (PBDE).Vieram substituir os bifenilos, mas o efeito sobre a saúde não é muito melhor. São usados como anti inflamável em plásticos e espumas, sobretudo em móveis domésticos, mas têm consequências. A sua degradação na atmosfera é muito lenta e é bioacumulativo nos animais..Arsénio.É um dos elementos mais tóxicos que se encontram na natureza, mas a sua presença no dia a dia é cada vez maior, já que é um componente essencial na indústria. Não há ano que passe sem que a presença de arsénio nos sistemas hidráulicos obrigue a cortar a água em certas regiões..Chumbo.É um metal pesado com inúmeras aplicações industriais e, ainda que a sua toxicidade seja conhecida há séculos, a humanidade resiste a deixar de utilizá-lo. Em 1921, por exemplo, a General Motors começou a produzir gasolina com o aditivo chumbo tetraetila, elevando o octano do combustível. O chumbo acabou por contaminar a atmosfera, mas a utilização desta substância na produção de combustível só foi proibida quando os efeitos nocivos para a saúde se tornaram mais do que evidentes. Hoje, não há dúvida de que se reduziu a exposição ao chumbo, mas é difícil saber se esta redução é suficiente..Mercúrio.É altamente tóxico, mas, até há bem pouco tempo, todos tínhamos algum objeto em casa que continha mercúrio. Só em 2006 é que a União Europeia proibiu os termómetros de mercúrio, que provoca graves problemas no sistema nervoso de todos os animais. A utilização de mercúrio nos locais de trabalho está hoje muito mais controlada, mas é difícil controlar a sua presença na natureza. Os peixes como o atum ou a cabala, por exemplo, têm uma tendência natural a concentrar mercúrio..Tolueno.É um hidrocarboneto com variadas aplicações industriais, necessário, por exemplo, para a produção de medicamentos, perfumes ou detergentes. A exposição a grandes concentrações desta substância também pode provocar danos no sistema nervoso..Etanol.O álcool etílico - presente no vinho e na cerveja - é uma substância tóxica, com efeitos extremamente nocivos no desenvolvimento dos fetos. Hoje, qualquer mulher grávida sabe que não pode beber, mas só em 1973 é que o síndrome de alcoolismo fetal foi identificado.