Em menos de uma semana, estarão nas lojas os primeiros iPhones com Apple Intelligence, a camada de inteligência artificial que a marca desenvolveu para integrar todas as funcionalidades do smartphone. Os quatro novos modelos, iPhone 16, 16 Plus, 16 Pro e 16 Max marcam o início da era IA para a empresa de Cupertino. E a consultora IDC estima que as novidades irão levá-la a crescer acima do mercado. .“A Apple vai crescer o dobro, em termos percentuais, do que vai crescer o Android no próximo ano”, disse ao Dinheiro Vivo o vice-presidente associado da divisão de dispositivos na IDC EMEA, Francisco Jerónimo. A previsão da firma para 2025 é de que o iOS da Apple vai crescer 4%, face a um crescimento do Android de 2%. .“Este ano foi ao contrário. O Android cresceu muito mais do que do que iOS, mas no próximo ano isto vai-se inverter e a quota de mercado da Apple vai continuar a crescer”, afirmou o especialista. .O impulso da Apple Intelligence (AI) irá sentir-se sobretudo em 2025, porque é no próximo ano que a marca liderada por Tim Cook prevê conseguir levar as funcionalidades a mais mercados. Na Europa e na China, para já, não haverá AI devido a questões regulatórias, o que vai limitar as vendas neste trimestre. .“A grande questão é se o que eles anunciaram é suficiente para os consumidores se interessarem por fazer o upgrade do telefone mais rapidamente, sendo que em regiões como a Europa muitas das funcionalidades não vão estar disponíveis”, frisou Francisco Jerónimo. O obstáculo vem das regras europeias impostas pelo Digital Markets Act (DMA) e pela designação da Apple como gatekeeper pela UE, obrigando a que os serviços sejam interoperáveis entre plataformas. A empresa está a negociar com a União Europeia para que os produtos sejam compatíveis com a legislação. .Ainda assim, a perspetiva é que as outras novidades, incluindo um novo botão físico e as melhorias ao nível de desempenho, ecrã e sistema de câmaras atraia os consumidores. “A Apple tem uma base de clientes de tal maneira leal e grande que não há forma de não terem sucesso neste momento”, considerou Francisco Jerónimo. “É claro que esse sucesso depende muito da renovação e da rapidez com que as pessoas querem renovar os seus telefones”, ressalvou. “Nesse sentido, o Apple intelligence vai conduzir a um grande ciclo de renovações nos próximos anos e, portanto, isto é apenas o primeiro passo.”.As novidades do iPhone 16 Há quatro modelos por onde escolher. O 16 é o que terá o preço mais acessível, a partir de 989 euros no mercado português, sendo diferente do 16 Plus (1.139 euros) apenas no tamanho do ecrã. Ambos são alimentados pelo novo chip próprio da Apple, A18, que oferece “um acesso mais rápido e eficiente” aos modelos de IA generativa da empresa, segundo disse no lançamento o vice-presidente de silício da Apple, Sribalan Santhanam. Usa 30% menos energia, é duas vezes mais rápido para ‘machine learning’ e “mais rápido que toda a concorrência.”.Nos modelos premium, 16 Pro (1.249 euros) e 16 Pro Max (1.499 euros), o chip é o A18 Pro, que alimenta funcionalidades exclusivas e mais exigentes, principalmente ao nível de fotografia e vídeo. A Apple mostrou como o artista The Weeknd filmou o vídeo para a música “Dancing in the flames” com um iPhone 16 Pro, fazendo uso do novo processador de imagens, câmara lenta cinemática e “qualidade de cinema” em 4K. .Todos os modelos vêm com o novo botão físico Controlo da Câmara na lateral, que dá acesso imediato à câmara e a vários comandos sem ser preciso ajustar o posicionamento da mão. É algo surpreendente que a Apple não tenha feito isto mais cedo, disse Francisco Jerónimo, e que traz o benefício adicional de dar acesso a mais funções IA com a “Visual Intelligence”. Isso permitirá, por exemplo, apontar a câmara a um panfleto e retirar automaticamente a informação relevante de um evento para adicionar ao calendário e adquirir bilhetes. Também pode mostrar ao utilizador onde comprar um objeto similar àquele que tem à sua frente, como um vestido ou uma bicicleta. E será possível a terceiros criar funcionalidades para este botão e a sua inteligência visual - algo que beneficiará os utilizadores europeus quando a AI puder ser usada na região. A plataforma abarca todo o tipo de funções, usando o contexto pessoal do utilizador para permitir à Siri fazer coisas como encontrar documentos e inserir dados em formulários, fazer sumários de reuniões, mostrar resumos de emails ou criar imagens e Genmojis com IA. .AirPods e Watch focados na saúde.Os wearables revelados no evento da Apple atraíram menos atenção que o iPhone 16, mas são adições importantes ao alinhamento da empresa. O Watch Series 10 vai permitir detetar distúrbios respiratórios e apneia do sono através de um algoritmo validado num estudo clínico e que será certificado pelos reguladores nos EUA, Europa e Japão este mês. Já os AirPods Pro 2 vão poder fazer testes de audição e transformar-se em aparelhos auditivos adaptados ao perfil do utilizador. “A perda auditiva muitas vezes não é tratada”, disse a vice-presidente de Saúde da Apple, Sumbul Desai, referindo que 75% das pessoas diagnosticadas não recebem tratamento. .“É muito interessante”, comentou Francisco Jerónimo. “Em vez de usarem aqueles aparelhos para pôr nos ouvidos, as pessoas podem passar a usar um dispositivo que é perfeitamente comum, não tem estigma.” O analista frisou que os AirPods não vão competir com os aparelhos auditivos mais avançados, que custam milhares de euros, mas serão alternativas para perdas menos severas. “É muito comum vermos pessoas que usam AirPods na rua”, disse. “Acho que isso vai atrair muitos consumidores que necessitam desse tipo de aparelho.”