Aproximar a competitividade europeia na área da inteligência artificial (IA) dos Estados Unidos é um dos grandes objetivos do novo projeto da Definied.AI, a tecnológica fundada por Daniela Braga. A empreendedora esteve esta terça-feira na Web Summit para mostrar o potencial da IA ao serviço do apoio ao cliente em diferentes setores da economia. "As máquinas não se cansam, não precisam de dormir e, por isso, teremos serviço 24 horas por dia", sublinhou..A iniciativa Accelerat.AI promete "revolucionar o apoio ao cliente" na comunicação entre cidadãos e serviços públicos, mas também no privado, em setores como a energia, as telecomunicações ou saúde. "Cerca de 50% das chamadas nos serviços públicos nem sequer são atendidas, o que só piorou durante a pandemia", contextualizou. "Em 2020, a covid-19 atingiu o mundo e percebemos a importância da interação com os serviços do Estado", reafirmou. E porque acredita que as atuais soluções de atendimento automático não evitam que o consumidor precise de falar com um assistente de carne e osso, Daniela Braga candidatou o projeto aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para obter financiamento que permita colocar Portugal na linha da frente no desenvolvimento em IA.."É um projeto com um investimento de 34,5 milhões de euros que conta com 75% de financiamento do governo português", disse, acrescentando que esta aposta permitirá criar 150 postos de trabalho no país. "Desta forma, seremos capazes de atrair muito mais talento para Portugal na área da IA", garante..Além de investir no desenvolvimento de soluções de IA em português, "a sexta língua mais falada do mundo", a empreendedora quer garantir que os contactos dos consumidores com empresas e instituições tem "menos fricção". Para isso está a ser criada IA conversacional, que permite uma comunicação fluida entre Homem e máquinas, melhorando o índice de satisfação dos clientes e reduzindo pressão sobre os serviços de apoio ao cliente. De acordo com os dados que levou à Web Summit, 55% dos potenciais clientes perdem interesse num determinado serviço devido a sistemas e processos de atendimento demasiado longos e complicados..O consórcio liderado pela Defined.AI inclui instituições académicas, como a Faculdade de Ciências de Lisboa e o Instituto Superior Técnico, mas também empresas como a EDP, a NOS, a IBM ou a Microsoft. O plano, garante a empresária, é arrancar com foco no atendimento em português e, mais tarde, avançar para idiomas como o espanhol ou o inglês. "Esperamos ter retorno do investimento nos próximos três anos", perspetivou, sublinhando que, em 2025, este será um mercado avaliado em 18,4 mil milhões de dólares. "Isto é o futuro e esse futuro começa hoje", rematou.