Num ano de volatilidade política e económica, os CHRO procuram alguma estabilidade, com uma abordagem inovadora na vertente Pessoas e Risco.
Se pensarmos em grandes áreas de foco, podemos sistematizar oito prioridades:
1. Resiliência organizacional A perspetiva total compensation e a comunicação da proposta de valor global adquiriu em 2023 uma importância reforçada e com tendência crescente. Na agenda dos CHRO, falamos de um foco na satisfação dos colaboradores e nas suas necessidades financeiras, sociais, físicas e emocionais, a par com uma estrutura de custos fixos sustentável (fundamental com níveis de inflação altos).
2. Conexão entre Pessoas e Risco Riscos geopolíticos, económicos, climáticos, cibernéticos, saúde e bem-estar fazem parte da agenda da gestão. Uma visão global dos riscos, quantificação e gestão dos mesmos (incluindo riscos relacionados com a vertente Pessoas) é uma variável crítica.
3. Escassez de talento e mobilidade Medidas de atração, formação (incluindo upskilling e reskilling) e criação de ambientes de trabalho capazes de atrair e reter, considerando as mudanças geracionais e demográficas, visando assegurar um planeamento de recursos humanos (quantidade e capacidade) a curto e médio prazo.
4. Presentismo e compromisso A incerteza, a par com eventual redução do poder de compra, impacta necessariamente na forma de estar nas empresas, a par com mudanças na sociedade. O compromisso, uma variável fundamental a ser gerida, e um foco nos fatores de motivação e promotores da ação individual e coletiva.
5. Estabilização de novos modelos de trabalho A estabilização de um modelo presencial, híbrido e/ou remoto que funcione e sirva as necessidades numa ótica win-win.
6. Programas de flexibilidade, wellbeing, diversidade, equidade e inclusão (DEI) Na sociedade e nas empresas assiste-se a múltiplas transformações. Flexibilidade e escolha são variáveis cada vez mais importantes nas políticas de forma a tornar as empresas competitivas.
7. Cultura e Employee experience (EX) O foco na cultura e programas que reflitam o que os colaboradores precisam, querem e valorizam. Programas que incluem variáveis como propósito, interação entre os diversos níveis da organização e experiências diferenciadoras e promotoras do crescimento pessoal e profissional.
8. ESG assume um outro patamar de maturidade Como tornar a governação e as ações mais efetivas. Repensar as abordagens de ESG de forma a terem mais impacto e traduzirem mais valor, com envolvimento da totalidade da organização e integração dos diferentes programas (como wellbeing, DEI, gender pay gap).
Aos CHRO cabe a missão explícita de potenciar a competitividade e sustentabilidade das empresas através das Pessoas. Num mundo incerto e, de alguma forma, algo descrente, devolver às empresas e às pessoas um sonho e um propósito inspiracional e aspiracional é uma missão implícita.
Elsa Carvalho, Head of Business Development da WTW Portugal