Pedro Norton assume hoje a liderança executiva da Impresa determinado em não mudar a forma do grupo de comunicação "olhar para este setor como um fim em si mesmo e não como um instrumento para outros fins".
"Não mudam os valores, não muda a obsessão com a independência, não muda a forma de olhar para este setor como um fim em si mesmo e não como um instrumento para outros fins. Não mudam os grandes objetivos estratégicos que são e continuarão a ser partilhados pela administração", afirmou à Lusa o sucessor de Francisco Pinto Balsemão, que hoje deixa as funções de presidente executivo para assumir a presidência não executiva do grupo.
Em resposta por correio eletrónico a um conjunto de questões colocadas pela Lusa, Pedro Norton encara a "conjuntura muito difícil" que enfrenta o setor com um misto de otimismo e preocupação, esta suscitada fundamentalmente pela "indefinição" do que irá acontecer com a RTP.
"A Impresa soube, nos últimos anos, antecipar os momentos adversos e, numa conjuntura muito difícil, melhorar progressivamente a sua situação financeira. Não tenho dúvidas de que temos ainda pela frente tempos muito difíceis. Mas estamos seguros da nossa capacidade de os enfrentar", disse.
"Dito isto, a juntar à crise profunda que vivemos, a atual indefinição no setor, nomeadamente relativamente à RTP, é prejudicial para todos. O setor dispensa a criação de problemas adicionais", afirmou o novo presidente executivo da Impresa.
Instado a comentar a forma como olha para a questão da privatização/concessão da RTP, e a esclarecer as linhas gerais com que o grupo que lidera desenharia um serviço público de televisão, Pedro Norton optou por ater-se à questão da RTP.
"Não me compete definir uma solução para a RTP, que é política. O que defendo, porque conheço bem o setor, é que um aumento do número de minutos de publicidade num mercado deprimido e num momento tão dramático como aquele que já vivemos terá efeitos devastadores", sustentou.
O gestor optou ainda por não se pronunciar, "para já", sobre o cenário de uma eventual fusão entre a Sonaecom e a Zon, e consequentes repercussões no setor da produção de conteúdos media, assim como também não quis elaborar sobre perspetivas de consolidação no lado dos grupos de comunicação social.
"Essa é uma questão que diz, naturalmente, respeito aos acionistas, nomeadamente ao acionista maioritário, a Impreger", justificou o gestor.
De resto, e no que diz respeito à televisão, a aposta da SIC no domínio dos canais temáticos manter-se-á. "A SIC inovou, foi pioneira, e é hoje o operador líder dos canais temáticos. Isso constitui uma vantagem competitiva muito importante. Hoje toda a gente reconhece que a nossa estratégia foi acertada. Continuaremos por isso, no futuro, a ser líderes na inovação como se prova com o lançamento, com o Meo, da SIC notícias interativa", afirmou.