Piloto de acrobacias milionário agora quer comprar o Everton

Já dono da Roma, o magnata Dan Friedkin, herdeiro de um império de venda de carros e produtor de Hollywood, deve ser o próximo americano a entrar na Premier League
Jogadores do Everton celebram golo em jogo contra o Arsenal. Foto: Adrien Dennis/AFP
Jogadores do Everton celebram golo em jogo contra o Arsenal. Foto: Adrien Dennis/AFP
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Fundado em 1878 com o objetivo de permitir aos membros da congregação metodista da capelinha New Connexion praticar desporto todo o ano e não apenas cricket no verão, o St. Domingo’s FC, renomeado Everton FC no ano seguinte, em homenagem ao bairro de Liverpool onde se situa, tornou-se, como tantos outros clubes de futebol ingleses, um negócio de milhões quase 150 anos depois. E, de discutido apenas na pequena paróquia, a tema de conversa na glamorosa Hollywood, Los Angeles, California.

O responsável por isso é Dan Friedkin, dono do The Friedkin Group, empresa mãe da Gulf States Toyota, companhia fundada em 1969 pelo pai, Tom, que se tornou uma das maiores distribuidoras da marca japonesa do planeta, e que dispõe ainda de resorts de luxo, de campos de golfe e de uma companhia de safáris na Tanzânia. Friedkin, entretanto, atua em paralelo como produtor de filmes.

Quem viu “Assassinos da Lua das Flores”, filme do ano passado de Scorsese, com Di Caprio e De Niro, saiba que o coprodutor é o provável novo dono dos toffees, assim chamados porque, perto da capelinha, uma senhora vendia a guloseima de chocolate. Mais: Friedkin produziu ainda “Parasita”, filme sul-coreano vencedor de Oscar em 2019, e participou como “ator” em Dunkirk, de 2017, ao aterrar um caça Spitfire na praia, graças à sua enorme coleção de aviões antigos e conhecimentos de pilotagem (o avô fundou a Pacific Southwest Airlines, pioneira nos voos low cost).

Sim, Friedkin é um piloto de acrobacias nas horas vagas – mas não pode ser acusado, entretanto, de ser um paraquedista no mundo do futebol...

Antes de tentar assumir o Everton, comprou a AS Roma, gigante da capital italiana, onde contratou e despediu José Mourinho.

Com fortuna avaliada pela Forbes em 6,1 mil milhões de dólares, Friedkin investiu 591 milhões na aquisição dos giallorossi em 2020, clube que registou perdas de 200 milhões de euros em 2020, mas reduziu o prejuízo em 2023 para “apenas” 100 milhões, graças ao crescimento de cerca de 30% das receitas, incluindo 47 milhões em vendas de atletas.

Segundo a consultora Football Benchmarks, já incluindo as dívidas, o valor da Roma é de 574 a 633 milhões de euros e o do Everton é de 519 a 574. Porém, os toffees estão a construir um novo estádio para substituir o velho Goodison Park, palco onde no Mundial de 1966 brilhou Eusébio, o que, segundo o Financial Times, é o que mais atrai Friedkin.

No The Guardian de 21 de junho, o atual dono do clube, o milionário anglo-iraniano Farhad Moshiri, disse que foi garantido ao The Friedkin Group um período de exclusividade na tentativa de comprar as 94% das ações na sua posse depois de o fundo 777 não o ter conseguido fazer até à data limite de 31 de maio.

Com problemas financeiros desde a pandemia pela pressão da construção do estádio e após o contrato de patrocínio com uma empresa russa ter sido cancelado por causa da guerra na Ucrânia, o Everton, apenas 15º na Premier League de 2023/24, está desejoso de encontrar um caminho à altura da sua tradição: o clube de Paul McCartney e tantos outros adeptos famosos é, convém não esquecer, recordista de presenças na primeira divisão inglesa, 121, embora não ganhe o campeonato desde 1986/87.   

6,1

Fortuna, em mil milhões de dólares, de Friedkin, segundo a Forbes.

519 a 574

Valor, em milhões de euros e já incluída a dívida, do Everton, de acordo com a consultora Football Benchmark.

121

Presenças do clube de Liverpool no principal escalão do futebol inglês, um recorde.

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