1.A gasolina e o gasóleo são feitos através da refinação de petróleo, o que significa que é preciso comprar o crude ao preço da cotação internacional. E quando o processo está concluído, o preço dos combustíveis é também definido com base em valores internacionais. Ou seja, o preço base do que é consumido em Portugal é fixado lá fora.
2.Uma vez que a gasolina e o gasóleo são produtos que passaram por um processo que é muito caro (refinação) e o petróleo é apenas a matéria-prima, as cotações têm valores diferentes e, por isso, os preços não descem da mesma forma. "Vários factores como a sazonalidade do consumo, as condições meterológicas e as própria disponibilidade das refinarias são responsáveis pelas diferenças de comportamento nos mercados referidos", diz a APETRO numa nota enviada ao final do dia.
3.Isto significa que os preços do petróleo tendem a ter oscilações maiores que os preços da gasolina e do gasóleo nos mercados internacionais e, consequentemente, o reflexo das oscilações é também inferior nos preços cobrados ao consumidor. Quando o petróleo atingiu os máximos históricos de 150 dólares o barril em 2008, os preços dos combustíveis subiram mas não nos mesmos níveis. Aliás, os máximos históricos em Portugal foram atingidos apenas em 2012 com o gasóleo a passar os 1,50 euros por litro e a gasolina a passar os 1,60 euros por litro.
4.Segundo dados da Bloomberg, ontem, o barril de brent - que é o petróleo usado na Europa - fechou a pouco mais de 85 dólares, o valor mais baixo dos últimos quatro anos. E em Nova Iorque, o crude tem fechado perto dos 81 dólares, o valor mais baixo dos últimos dois anos.
5.Além disso, desde o final de junho e até ao início da semana a cotação do petróleo caiu 23%, mas a gasolina apenas desvalorizou 19,5% e o gasóleo 17%.
6.E se convertermos para euros, a descida é ainda inferior porque o euro está muito desvalorizado face ao dólar neste momento. Assim, entre o final de junho e o início desta semana a quebra da cotação do petróleo foi de 17% em vez de 23%, a gasolina perdeu 13% em vez dos 19,5% e o gasóleo recuou 11% em vez de 13%.
7.Mas isto são as cotações, ou seja, o preço base que, segundo dados da APETRO, custam cerca de 54 cêntimos na gasolina e de 55 cêntimos no gasóleo (é mais caro porque a Comissão Europeia obriga a incorporar biocombustíveis). É depois preciso somar os custos fixos, ou seja, impostos e custos logísticos que são, por exemplo, os custos do transporte dos combustíveis da refinaria para as bombas.
8.Assim, o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) - uma taxa definida pelo Orçamento do Estado - vale 58,595 cêntimos por litro na gasolina e 36,941 cêntimos por litro no gasóleo. Este imposto paga IVA a 23% o que representa 13,477 cêntimos por litro na gasolina e 8,496 cêntimos por litro no gasóleo. Contas feitas, esteja a cotação mais ou menos alta ou baixa, ao preço final acrescem sempre impostos de 72,07 cêntimos por cada litro de gasolina e 45,44 cêntimos por cada litro de gasóleo
9.E quanto à logística, segundo a APETRO, na gasolina ela custa cerca de 12,5 cêntimos por litro e no gasóleo cerca de 11,7 cêntimos por litro.
10.Soma-se tudo, aplica-se mais um imposto - o IVA a 23% - e tudo junto dá o preço final da gasolina e do gasóleo que, segundo a Direcção Geral de Energia e Geologia (CGEG) caíram, respetivamente, sete cêntimos no gasóleo e oito cêntimos na gasolina desde o início de junho. Ou seja, um litro de gasolina custa agora, em média, 1,52 euros e um litro de gasóleo vale 1,27 euros. São os valores mais baixos desde 2011.