Embora tenha pela frente um longo caminho a percorrer para alcançar a meta da sustentabilidade plena, Portugal tem dado passos expressivos no que às energias renováveis e ao hidrogénio verde diz respeito. Em contrapartida, a performance relativa à gestão de resíduos e à conservação da natureza está aquém do que é desejável..As conclusões pertencem ao Índice de Transição Verde, promovido pela Oliver Wyman, que analisou o desempenho ambiental de 29 países europeus em sete categorias: Energia, Economia, Indústria Transformadora, Transportes, Edifícios, Gestão de Resíduos e Conservação da Natureza. A consultora atribuiu aos países uma pontuação (de zero a cem) em cada um destes segmentos, de modo a obter posteriormente uma classificação final..Em linha com a média europeia, Portugal surge em 18.ª posição no ranking, com uma pontuação de 48 em 100, encontrando-se a quatro lugares de distância da vizinha Espanha. O país "destaca-se positivamente nas categorias de Edifícios e de Energia", mas o seu posicionamento na tabela "é fortemente prejudicado pela Gestão de Resíduos e Conservação da Natureza", pode ler-se no relatório..Olhando para cada uma das categorias-chave, Portugal conquistou posições de topo em Energia e Edifícios, sendo o quinto e segundo melhor país do Índice de Transição Verde com melhor desempenho nestas matérias. A meio da tabela, estão Economia (15.º), Transportes (18.º) e Indústria Transformadora (18.º). Por fim, e com resultados negativos, Natureza (25.º) e Resíduos (27.º)..O estudo dá conta de "grandes diferenças entre regiões europeias". Enquanto a Escandinávia, a Europa Ocidental e os Estados Bálticos registaram os melhores desempenhos, a Europa do Sul registou o mais fraco. Ao nível dos países, os Países Baixos lideram o ranking ao lado da Dinamarca, ambos com 57 pontos, seguidos de um conjunto de quatro países que alcançaram 55 pontos - Áustria, França, Reino Unido e Alemanha. Os três piores foram Chipre (29.º), Bulgária (28.º) e Lituânia (27.º)..Perante os resultados, a Oliver Wyman concluiu que países com elevado rendimento per capita tendem a ter um melhor desempenho no Índice. "Dadas as enormes necessidades de capital, parece plausível que os países mais ricos estejam mais avançados em termos de sustentabilidade ambiental", observa Pepa Chiarri, diretora da consultora para o Clima e Sustentabilidade. Assim, acrescenta "os países mais ricos, com os meios financeiros para investir na transição, tendem a ter uma pontuação mais alta do que os países com um desempenho económico mais baixo"..Porém, existem exceções: "Há países ricos que têm pior desempenho, como a Noruega, Irlanda ou Luxemburgo, e há países que têm melhor desempenho em relação ao seu PIB per capita, como a Estónia, Itália e Eslovénia.".Edifícios foi a categoria na qual Portugal verificou melhor desempenho, conquistando o segundo lugar da tabela, logo atrás da Roménia..O país destacou-se nesta matéria pela utilização de energias renováveis para aquecimento doméstico, em que assumiu a segunda posição no ranking, com 57%, e pelo baixo consumo de eletricidade per capita, que lhe valeu a oitava posição, com 0,11 toe/capita contra 0,16 de média. Quanto ao número de projetos de edifícios construídos com certificações de construção sustentável, Portugal ocupa a décima nona posição..Segundo a Oliver Wyman, os valores obtidos neste segmento contrastam com os países ocidentais, que registam "um fraco desempenho nas energias renováveis, dependendo fortemente dos combustíveis fósseis no aquecimento residencial"..Já o "peso das energias renováveis na produção de eletricidade" e a "dimensão de projetos em tecnologias de transição energética, em relação ao PIB total", foram determinantes para que Portugal conseguisse ocupar o quinto lugar no ranking de Energia..O país ocupa a segunda posição em dimensão de projetos de hidrogénio verde em relação ao PIB, ultrapassando em cinco vezes a média dos países europeus em 2021; está em quinto lugar no que diz respeito à capacidade dos projetos de armazenamento relacionados com baterias, embora longe da líder Alemanha; é o décimo classificado peso das energias renováveis e biocombustíveis na produção de eletricidade (60% vs 45% média em 2020).."Portugal não tem, no entanto, e ao contrário de 50% dos países europeus, projetos CCS (Captura e Armazenamento de Carbono)", nota a consultora..Entre os 29 países analisados pela Oliver Wyman, Portugal foi dos que registou pior desempenho ao nível da Gestão de Resíduos, ocupando a 27.ª posição da tabela..Os resultados, revela a consultora, foram negativos nos três indicadores, dando lugares aos piores posicionamentos: "27.º em termos de resíduos gerados per capita: 0.51 tonelas (ton), 22% acima da média; 26.º em termos de taxa de circularidade, 2% contra mais de 20% em países líderes; 26.º em termos de resíduos depositados em aterros per capita, 263kg em 2020, 81% superior à média, de menos 10kg em países líderes.".Em relação à Conservação da Natureza (25.º lugar), o desempenho do país está equilibrado com o dos restantes países do sul da Europa, "com uma performance excecionalmente baixa no indicador de áreas marinhas e terrestres protegidas, ocupando o último lugar com apenas 3% de áreas terrestres e marinhas protegidas em percentagem da área total do país, sendo a média europeia de 17%".