O segundo aviso dos programas "Vouchers para Startups" e "Vales para Incubadoras e Aceleradoras" vai ser lançado já em outubro, com uma dotação inicial de 45 milhões e 10 milhões de euros, respetivamente, e a promessa de uma maior celeridade em todo o processo de tomada de decisão, adianta João Kuchembuck, diretor de Investimentos e Subsídios da Startup Portugal, entidade gestora dos fundos públicos, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
Estas medidas integram a componente C16 do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e preveem um investimento total de 110 milhões de euros para robustecer o ecossistema de empreendedorismo nacional: 90 milhões destinam-se a apoiar startups com projetos "verdes" e digitais, através de vouchers individuais de 30 mil euros, e 20 milhões reservam-se ao financiamento de entidades que desenvolvam serviços de incubação e aceleração, por via de vales que podem ir dos 30 mil aos 150 mil euros.
Os resultados da primeira fase de ambos os concursos, que levaram pouco tempo para esgotar a dotação, foram divulgados esta semana, sabendo-se agora que serão apoiadas 745 startups, selecionadas de 1502 candidaturas (uma taxa de aprovação de 50%), e 63 incubadoras, derivadas de 94 inscrições (67%). Ao todo, serão financiados 31,4 milhões de euros de dinheiros públicos, dos quais 22,4 milhões para startups e 9,1 milhões para incubadoras.
Ao primeiro montante, somam-se ainda 18,2 milhões de capitais próprios, o que perfaz 40,6 milhões de euros de investimento total. Segundo o responsável, o facto de os próprios fundadores investirem nas suas soluções provoca "um efeito multiplicador", que, além de "atribuir uma maior credibilidade aos projetos", reforça a intenção da Startup Portugal de, numa outra fase, apresentá-los aos investidores e dizer "nós confiámos, confiem também". As incubadoras, por seu turno, não verificaram apostas internas, tendo cada uma recebido um vale médio de 144 mil euros.
Apesar de fazer um balanço positivo das iniciativas - quanto mais não fosse pela "urgência das mesmas" - João Kuchembuck diz que havia vontade de apoiar mais projetos na primeira call. "Não obstante, estamos muito entusiasmados relativamente à tipologia de projetos que apoiámos, nomeadamente na área de transição digital e na componente verde, que são as prioridades da União Europeia", sublinha, confiando que o próximo concurso terá mais e ainda melhores candidaturas.
Explorando um pouco mais os resultados do primeiro aviso dos "Vouchers para Startups" é de destacar a aprovação de projetos nos 18 distritos de Portugal Continental e nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, assim como a liderança de Lisboa, Porto e Braga, em termos de representatividade. Entre os novos produtos ou serviços, evidenciaram-se aqueles das áreas de biotecnologia, blockchain, inteligência artificial, investigação & desenvolvimento, internet das coisas e economia circular.
No caso dos "Vales para Incubadoras e Aceleradoras", foi dada "luz verde" a entidades de 15 distritos do Continente e da Madeira, ficando de fora os Açores - algo que o diretor de Investimentos e Subsídios da Startup Portugal acredita que mudará na próxima fase. Lisboa, Coimbra e Faro ocuparam o pódio e foram apoiados projetos como programas de ignição e de capacitação de recursos humanos e equipamentos.
O regulamento das duas medidas prevê a transferência do valor remanescente da dotação para o concurso seguinte - que seria de 22,6 milhões de euros para as startups e 900 mil euros para as incubadoras. No entanto, explica João Kuchembuck, a segunda fase vai avançar até outubro com as dotações originais previstas, uma vez que "há um período de execução dos fundos para cumprir" e decorre ainda o período de dez dias úteis de alegações contrárias, que serve para reavaliar situações que se podem ainda transformar em candidaturas aprovadas.
Assim, o segundo aviso avança já com os 55 milhões "soltos" (ficando o remanescente cativo até que sejam concluídas todas as revisões) e, dependendo da adesão, poderá ser feito um reforço da dotação, ou, em alternativa - "não tão desejável", afirma o responsável - será lançado um terceiro concurso.
Em jeito de conclusão, o dirigente nota que esta é uma oportunidade única que Portugal tem para financiar entidades nele sediadas, que querem desenvolver produtos altamente tecnológicos, digitais e com responsabilidade ambiental, e que "isto poderá ter uma repercussão significativa ao nível económico, seja pelo crescimento das vendas e do EBIDTA ou pela criação de postos de trabalho".
O responsável salienta, por último, o facto de a Startup Portugal não estar sozinha nesta jornada e contar com o apoio do IAPMEI, do Compete e do Portugal Digital para operacionalizar os concursos. Juntos, garante, conseguirão tornar o processo de tomada de decisão "muitíssimo mais breve" nos próximos avisos.