Quem disse que não se compra calçado online? A história da EscapeShoes

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O e-commerce sempre foi a grande aposta de Rui Abreu, embora lhe argumentassem que ninguém compra sapatos na internet. Hoje, a sua loja online conta com mais de 26 mil clientes e vende para 34 países.

Quem disse que a venda de calçado online não é um bom negócio? A EscapeShoes prova que é. E que “com pouco é possível fazer muito”. De Massamá, a EscapeShoes faz chegar algumas das principais marcas de calçado portuguesas e internacionais a 34 países na Europa.

A empresa nasceu, em 2012, altura em que Rui Abreu contrariou todos os conselhos e avançou com uma loja online de calçado. Licenciado em Engenharia Civil, a crise na construção levou-o a abandonar a área em 2010 e a juntar-se à gestão da empresa familiar, que contava com uma rede de seis lojas de vestuário e calçado. Mas os efeitos da crise e, em especial, do pedido de ajuda externa, em 2011, fizeram “cair a pique” as vendas. Rui Abreu decidiu fazer uma pós-graduação em Gestão de Empresas, na Universidade Católica, onde testa a viabilidade da sua ideia de negócio. “Tudo indicava que não devia avançar. O argumento principal era que ninguém compra calçado sem experimentar, mas eu decidi arriscar. E valeu a pena”, explica o fundador da empresa.

No entretanto, as lojas físicas foram encerradas e ficou só a EscapeShoes. Durante os primeiros seis meses, Rui Abreu trabalhou sozinho. Hoje, dá emprego a seis pessoas. Nem todas a tempo inteiro, reconhece, mas o crescimento do negócio obrigou a contratar um fotógrafo profissional e uma designer, por exemplo. Mais importante, conta com mais de 26 mil clientes e vende para 34 países, embora o grosso da procura ainda seja de consumidores nacionais. E é nestes que a aposta se continua a centrar.

Os gostos dos portugueses são distintos dos gostos dos espanhóis e dos franceses e por aí adiante.

Aliás, os gostos de um lisboeta são diferentes dos gostos de um consumidor a norte, portanto, compramos o calçado a pensar nos consumidores portugueses e é neles que o nosso foco se mantém, embora tenhamos as mesmas condições de envio para Espanha que aplicamos em Portugal continental: entrega no prazo de um dia, portes de quatro euros para compra abaixo de 30 euros, valor que passa a metade no caso de encomendas até 50 euros e gratuitos acima disso”, diz Rui Abreu.

A EscapeShoes candidatou-se ao Portugal 2020 em 2016, cujo projeto foi aprovado com um investimento elegível de 11 500 euros. Neste ano, submeteu nova candidatura, mas sem sucesso.

Apoio às marcas nacionais

Consciente de que Portugal “é um dos países do mundo com melhor qualidade no fabrico de calçado” e a preços “muito competitivos”, a EscapeShoes tem procurado apoiar marcas como a Fly London, Cubanas ou Xuz. “E é fantástico vê-las crescer. Muito nos orgulhamos quando analisamos as vendas e conseguem melhores resultados do que grandes marcas mundiais como a Nike, a Melissa ou a Timberland, entre outras”, refere o empresário. Que acrescenta: “Como enviamos para 34 países conseguimos promover o calçado português por toda a Europa. E é um motivo de orgulho quando vemos a satisfação dos nossos clientes ao receber um artigo nacional.” Para o gestor, a localização periférica do país não tem de ser um problema: “Somos pequenos e estamos na ponta da Europa mas não encaramos isso como uma desvantagem. O que não nos derrota torna-nos mais fortes.” A loja online conta com cerca de meia centena de marcas representadas, 40% das quais são nacionais.

Mas não se pense que o negócio é fácil. Pelo contrário. E, por isso, a dificuldade em estabelecer metas de crescimento. “Na internet as coisas não são como nós determinamos, a não ser que tenhamos muito dinheiro para aplicar em publicidade. E nós não fazemos nenhuma publicidade cujo retorno não possa ser medido”, explica Rui Abreu. Que aponta, ainda, o crescimento da concorrência no setor do e-commerce. “Há cada vez mais lojas online e marcas a quererem ter a sua própria loja online. A Kyaia lançou a Overcube, a Xuz também tem site próprio de vendas e a Amazon vai estar em breve em Portugal, é impossível perspetivar-se o que vai acontecer”, refere o empresário.

A aposta é na publicidade no Facebook e no Google AdWords, cujo budget será “maior ou menor consoante o preço a que estiver a sair cada venda”. Certo é que, como em tudo na internet, há muitos fatores a condicionar o estabelecimento de metas e objetivos. “O mais importante é a satisfação dos clientes e mostrarmos que estamos cá para durar”, frisa.

Nova plataforma

E para melhorar a experiência dos clientes, a EscapeShoes está em vias de lançar uma nova plataforma. “Estamos em fase final de testes. Na prática, teremos uma nova loja online, muito mais rápida, mais prática e com os processos mais automatizados”, explica o empresário. Que especifica: “Os clientes da EscapeShoes não vão sentir qualquer diferença em termos estéticos, vão sim notar que todo o processo de compra é mais fácil e mais rápido.”

Além disso, está em preparação uma parceria com a Oney, solução que vai permitir a compra de valores elevados com pagamentos em três parcelas, a primeira das quais logo no momento da aquisição.

E quais são as vantagens da compra online? Rui Abreu aponta a diversidade, a conveniência e, claro, o registo do histórico, entre outras. “Imagine que comprou uns sapatos há dez meses e que se estão a rasgar... Ou é uma pessoa muito organizada e guardou o talão de compra ou ninguém lhe aceita a reclamação. Na EscapeShoes o histórico fica guardado e nunca pedimos faturas para ativar uma garantia”, assegura.

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