A Renault vai investir 650 milhões de euros em duas fábricas em França dirigidas aos carros de gama alta, um anúncio que tem como objetivo transmitir que a marca está a investir no país perante a desconfiança do governo francês.
O número dois do grupo, o português Carlos Tavares, esteve perante os deputados franceses para explicar que a estratégia da marca do hexágono passa por um retorno da Renault à produção em França e aos segmentos de luxo, noticia a France Presse.
Para isso, a Renault vai investir 420 milhões de euros na fábrica de Douai (Norte de França) para o lançamento de um novo monovolume de luxo em 2014 e 230 milhões em Sandouville (na Normandia) onde será fabricada a carrinha comercial Trafic, uma deslocalização que vem da unidade de Barcelona.
O construtor francês também decidiu relançar a sua marca desportiva Alpine, veículos que serão "obviamente fabricados em França", assegurou Carlos Tavares, confirmando a vocação do grupo em fabricar os veículos de alta gama em França.
A Renault espera que, com estes lançamentos programados, o poder político deixe de pressionar a marca francesa e aceite a sua estratégia global que passa por produzir "mais próximo dos mercados". Temendo uma política de internacionalização que esvazie as fábricas francesas, o governo de Sarkozy tem estado vigilante em relação à Renault.
"A Renault confirma o compromisso assumido com o governo para reforçar a sua presença industrial em França," congratulou-se o ministro da indústria, Eric Besson, em um comunicado de imprensa.
Do total dos investimentos feitos pelo grupo de 2004 a 2011, 40% ou 6 mil milhões de euros, foram em França, observou o português Carlos Tavares.
O grupo francês está presente em 17 países (da África do Sul até à Roménia, passando pela Turquia, Brasil e Rússia), distribuído por 38 fábricas.
A Renault vai começar este mês a produção na nova fábrica de Tânger, em Marrocos, onde investiu mil milhões de euros para produzir três modelos da marca Dacia, a sua plataforma de baixo custo.