A taxa de inflação de agosto vai ditar um aumento de 1,15% nas rendas em 2019 o que, traduzido em euros, significa uma subida entre 2 e 14 euros para os inquilinos que pagam atualmente 200 a 1200 euros mensais de renda. O valor é desmaiado baixo e, dizem os proprietários, totalmente desfasado do que se passa no mercado imobiliário. E é por isso que são cada vez mais os senhorios que optam por juntar as subidas ditadas pela inflação em grupos de três anos..A inflação média nos últimos 12 meses apurada em agosto, sem habitação, é a que serve de referência a esta atualização das rendas. E, de acordo com o valor provisório ontem divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (o definitivo será conhecido a 12 de setembro) será de 1,15% - ligeiramente acima dos 1,12% deste ano..Na mira desta subida estão os chamados contratos antigos (os habitacionais anteriores 1990 e os não habitacionais realizados antes de 1995) que não estejam abrangidos pelo regime transitório criado em 2012, bem como os celebrados daquela data em diante. Nas contas de António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários, dos cerca de 800 mil contratos serão cerca de 10% os que cumprem os requisitos para esta atualização. O número é reduzido porque, precisa, é necessário descontar as rendas antigas em regime transitório e os contratos de duração mais pequena que raramente são renovados automaticamente, optando os proprietários por fazer um novo, com uma renda em linha com os valores do mercado..Por outro lado, o desequilíbrio entre os procedimentos necessários (enviar carta registada com aviso de receção ao inquilino e atualização do contrato no portal das Finanças) e o valor que se vai receber a mais também faz com que cada vez mais senhorios juntem três anos para atualizar a renda. “Assim acaba por justificar o preço da carta registada”, refere António Frias Marques..Critico desta fórmula de aumento, Frias Marques acentua que este é um dos motivos que leva muitos senhorios a oporem-se à renovação e a fazerem um novo contrato. “As rendas andam a reboque do mercado imobiliário”, refere, para acrescentar que, se em Lisboa e no Porto, o preço das casas aumentou cerca de 15% “não faz sentido ter subidas de renda de 1%”..Tudo isto, acrescenta ainda, faz com que o mercado de arrendamento ande “a duas velocidades”. “Por um lado temos rendas muito elevadas e por outro rendas baixas que quase não mudam”..Para os senhorios que atualizam as rendas em linha com o índice de preços, a trajetória tem oscilado entre subidas e congelamentos ao longo desta última década. Em 2014, a inflação ditou um aumento de 0,99% mas o ano seguinte foi de congelamento, já que a inflação medida em agosto de 2014 foi negativa. Depois de apurada a inflação, cabe ao INE calcular o coeficiente de atualização das rendas que é posteriormente publicado em Diário da República.