Tecnologia e medidas sustentáveis marcam regresso do NOS Alive para lá da música

A 16ª edição do festival no Passeio Marítimo de Algés terá coletes sensoriais, uma antena igual à da Super Bowl e esplanadas feitas de lixo reciclado. 
O diretor-geral da promotora Everything is New, Álvaro Covões (ao centro), acompanhado pelo vice-presidente da câmara  de Oeiras, Francisco Gonçalves, e pela diretora de engenharia de redes da NOS, Judite Reis. Foto: Lusa
O diretor-geral da promotora Everything is New, Álvaro Covões (ao centro), acompanhado pelo vice-presidente da câmara de Oeiras, Francisco Gonçalves, e pela diretora de engenharia de redes da NOS, Judite Reis. Foto: Lusa
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As esplanadas onde os festivaleiros vão sentar-se ao longo da edição 2024 do NOS Alive, que começa hoje e decorre até sábado no Passeio Marítimo de Algés, foram feitas com o lixo produzido no festival do ano passado. Os copos servidos no recinto também são reciclados e feitos para serem reutilizáveis, e uma série de recipientes espalhados pelo espaço incentivam os festivaleiros a deixarem-nos lá em vez de os mandarem para o chão. Os brindes dados pelas marcas têm de ser úteis e não descartáveis. E salvo o palco principal, só há geradores para servir de apoio em caso de falha de energia, segundo disse ao Dinheiro Vivo Álvaro Covões, o diretor da promotora de eventos Everything is New, que está por detrás do NOS Alive. 

As medidas de sustentabilidade no festival não são de agora, mas estão a ser reforçadas num contexto em que a diminuição da pegada de grandes eventos é um foco cada vez maior. 

“Eu acho que a sustentabilidade já entrou na cultura das empresas”, afirmou Álvaro Covões. “Nós fomos dos primeiros países no mundo a separar lixo”, continuou.

O diretor do festival, que teve a sua primeira edição em 2007, salientou que a consciencialização está enraizada e destacou a boa localização do espaço em termos de transportes, o que desencoraja a chegada por carro e alivia a pegada de carbono. “Temos aqui uma estação de comboios, que é dos transportes mais sustentáveis, e também uma operação com a Carris”, disse Covões, referindo que o festival fez ainda uma parceria com a Telpark para que as pessoas possam estacionar por 3,90€ em vários parques sem preocupação com o limite de tempo. 

“São 55 a 60 mil pessoas. Se incentivamos 10 mil a trazer carros é um caos”, frisou Covões. 

Este é um aspeto que diferencia o Alive de festivais com grande notoriedade internacional, como o Coachella na Califórnia – onde os parques de estacionamento são gigantescos. 

Na conferência de imprensa de antevisão da 16ª edição, Covões salientou que o Alive “está na rota dos grandes festivais da Europa”, atraindo cerca de 20% de participantes vindos do estrangeiro. 

“Temos 71 nacionalidades identificadas”, disse o responsável ao Dinheiro Vivo. “A maioria vem do Reino Unido e Espanha, mas vêm também da Austrália e dos Estados Unidos, vêm dos cinco continentes.”

O vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Francisco Rocha Gonçalves, disse em conferência que o Alive se tornou “numa âncora de grandes eventos” para o concelho e salientou a importância da atividade económica e os empregos gerados. 

“Percebemos o que é um evento faz por um território”, afirmou. 

Inovação made in Portugal 

Além da música – com Arcade Fire, Dua Lipa e Pearl Jam como cabeças de cartaz – a 16ª edição do Alive levou a um reforço do investimento por parte da NOS, o grande parceiro da Everything is New, principal patrocinador e responsável pela infraestrutura de telecomunicações.

“Vamos ter a operação mais robusta de sempre”, disse ao Dinheiro Vivo Daniel Beato, administrador da NOS. “Temos neste momento aqui instalados mais de 1200 km de fibra ótica e já temos instaladas mais de 100 células de tecnologia móvel para suportar 55 mil festivaleiros”, indicou. A empresa antecipa que passem pela sua rede mais de 20 terabytes de dados. 

“Vamos ter uma antena especial 5G esférica, exatamente igual à da Super Bowl e única em Portugal, para aguentar exatamente esta capacidade de dados que vai ser aqui produzida”, revelou Daniel Beato.

Uma das novidades deste ano é um “entusiasmómetro” que vai recolher informação de sensores. “É uma ferramenta desenvolvida com tecnologia portuguesa, na NOS Inovação, que utiliza inteligência artificial para medir as emoções do festival com base nos aplausos, qual as músicas mais cantadas, ou seja, sentir o pulso ao festival”, explicou Daniel Beato. 

O laboratório de inovação da NOS também trabalhou com a startup portuguesa Access Lab para criar uma experiência para pessoas surdas durante o concerto de Dua Lipa. 

“Vão poder viver o festival através do sentido da vibração e da luz”, descreveu, através de coletes conectados por 5G que emitem vibrações conforme o ritmo e as palmas. “Utilizarmos o Alive para mostrar e potenciar como a tecnologia pode ser mais inclusiva”, realçou Beato. 

O administrador referiu que a NOS aumentou o investimento no Alive este ano, sem indicar números. “Nós todos os anos temos tido novidades e eu diria que este ano investimos mais do que nos anos passados, mas na verdade todos os anos temos feito inovação tecnológica.”

Uma galeria de marcas

Além da NOS, cuja marca é proeminente no recinto, o festival garantiu a presença de dezenas de empresas de vários setores e algumas experiências inéditas. Por exemplo, a RTP, que regressa como canal oficial do evento, instalou uma “Caixa Mágica” gigante que projeta conteúdos com efeitos anamórficos e terá interações com os visitantes através de uma aplicação de inteligência artificial generativa.

Outras marcas de referência com ativações são a Heineken, Asus, Trident, Novobanco, FNAC, Control, Fidelidade e Tezenis. O Sporting Clube de Portugal tem um espaço perto do palco principal destacando a qualidade de atual campeão nacional e o Sport Lisboa e Benfica tem também um espaço numa das ruas de lojas do recinto. 

“Esperamos que seja mais uma vez algo que vá ficar na memória de todos os que nos visitam”, salientou Álvaro Covões. “Temos aqui um festival em que a maioria dos artistas fazem questão de vir aqui atuar.”

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