Há anos que casos de despedimento que envolvem as redes sociais fazem jurisprudência lá fora, mas esta é a primeira sentença proferida em Portugal sobre o tema. O Tribunal de Matosinhos aceitou o despedimento de um trabalhador da Esegur depois de este ter publicado comentários e ofensas no Facebook. .Segundo o Jornal de Notícias, o trabalhador foi despedido por justa causa em janeiro passado, depois de posts num grupo no Facebook que o juiz considerou ofensivos para "a imagem, dignidade e bom nome" dos executivos e trabalhadores da Esegur visados..O funcionário era vigilante da empresa e também delegado sindical. Administrava um grupo privado no Facebook (ao qual só têm acesso os membros aprovados) que reunia empregados e ex-empregados da Esegur. Os posts em causa datam de setembro a dezembro de 2012 e incluem acusações de que a empresa o humilhava, ordenava perseguições e mentia. Apelidou colegas de analfabetos e imbecis e publicou fotos de palhaços para classificar os chefes. .Até agora, os casos que tinham chegado a tribunal visando redes sociais tinham terminado em acordo. Neste caso, o tribunal tinha de se pronunciar sobre os meios de recolha de prova: posts num grupo privado são ou não admissíveis? O juiz acabou por considerar que um grupo com 140 membros, mesmo sendo fechado, não podia gerar a expectativa no autor de que "os posts ali publicados não extravasariam o círculo dos membros" que dele faziam parte. Considerou ainda que o grupo tinha um cariz profissional e por isso todos os conteúdos eram passíveis de violarem os deveres laborais a que o funcionário estava sujeito. .O despedimento por justa causa foi ainda fundamentado com ações de desobediência aos superiores e uma falta injustificada, que o tribunal validou inteiramente. .Ainda este fim de semana, outro caso de despedimento devido a redes sociais foi notícia: nos Estados Unidos. A relações públicas Justine Sacco foi demitida da IAC - InterActive Corp - depois de publicar um tweet que foi considerado racista e ofensivo. ."Vou à África. Espero não apanhar SIDA. Estou a brincar. Eu sou branca!" foi o tweet que causou tremenda polémica e levou a executiva a ser imediatamente demitida.