Com duas turbinas reversíveis de 390 megawatts cada e velocidade variável, Frades II é a barragem mais inovadora da EDP e que suscita interesse de visita entre os especialistas do sector.Com duas turbinas de 390 megawatts, esta é a central mais potente da Europa e a segunda a nível mundial. Sozinha, tem a capacidade de armazenar 6 a 10% de toda a energia eólica que é produzida no país. A Central Hidroelétrica Frades II está no rio Rabagão, em Vieira do Minho, e foi recentemente distinguida com mais dois prémios internacionais, o 'VGP Quality Award 2018', da Associação Internacional de Produtores de Energia, e o 'Plant of the Year 2018', da revista Power Magazine..Embora relevante, não é a sua potência que mais atrai os entendidos do sector a visitar Frades, perto de Braga. A central é alvo de curiosidade constante, designadamente dos meios de comunicação internacionais da especialidade – ainda este mês foi visitada por uma equipa da televisão francesa -, e foi escolhida para ser a visita técnica do congresso da associação mais representativa do sector, a International Hydropower Association (IHA), agendado para maio de 2019 em Paris. “Dadas as suas características inovadoras e a dimensão do projeto – basta termos em conta que a Torre dos Clérigos caberia dentro da caverna da central, construída a 400 metros de profundidade -, a central de Frades II veio suscitar grande interesse e destronar o Alto Lindoso que era, por natureza, a 'sala de visitas' das centrais da EDP”, diz Manuel Oliveira, diretor de projeto da central Frades II..O aspeto mais inovador da central são as duas turbinas de velocidade variável, que permitem que a produção energética em Frades seja feita de acordo e em resposta às necessidades da rede. “Estas são turbinas muito rápidas, com capacidade para, em 80 segundos, passarem do zero à colocação na rede de 390 MW. O que quer dizer que, combinadas, conseguimos em 80 segundos colocar na rede quase 800 MW, valor quase equivalente a um grupo nuclear”, destaca Manuel Oliveira..Já Pedro Neves Ferreira, administrador da EDP Produção, sublinha os “ganhos de flexibilidade” associados às turbinas de velocidade variável, permitindo um “ajustamento constante” entre a procura e a oferta. Sendo uma central hídrica, não há emissões de CO2 associadas ao seu funcionamento, no entanto, “ao permitir incorporar cada vez mais energias renováveis intermitentes ou variáveis no seu perfil”, a Cental Frades II contribui, também, para a descarbonização do sistema elétrico nacional. Ou seja, através do aumento da capacidade de bombagem, a central permite um uso maior e mais eficiente de fontes renováveis como a eólica e solar, aumentando a utilização de energia limpa e renovável. Contribui, assim, para a luta contra as alterações climáticas..A central original da Venda Nova, que entrou em operação em 1951, foi instalada na bacia montanhosa do Cávado, a região com maior pluviosidade do país. A perceção de que o potencial hidroelétrico da região era muito maior do que o que estava a ser aproveitado levou a EDP, em 1996, a decidir fazer o primeiro reforço de potência, avançando com novo circuito hidráulico, com turbinas mais potentes, de 97 megawatts cada, e já com a capacidade de bombagem associada. Este projeto, que começou a funcionar em 2005, passou então a designar-se por Central de Frades..Em 2010, a EDP decidiu avançar com novo reforço, construindo novo circuito hidráulico e novos túneis que abastecem a central subterrânea onde estão instaladas as duas turbinas reversíveis e de velocidade variável. Num investimento de 370 milhões de euros, e com uma capacidade de produção de 1.600 gigawatts hora, a central de Frades II entrou em operação no início de 2017. Chegou a criar mais de 900 postos de trabalho, no pico da obra. Hoje, são cinco os funcionários que asseguram o seu funcionamento, sendo que a gestão é assegurada à distância pelo Centro de Telecomando das Centrais Hidroelétricas da EDP.