"Turismo futebolístico": a arma do norte inglês

O interesse no Liverpool FC e nos dois gigantes de Manchester, United e City, fazem do subestimado corredor industrial do país um polo rival à glamorosa Londres.
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Londres. Cidade global. Influente, há séculos, no comércio e na economia, nas artes e no entretenimento, na ciência e na educação, na moda e nos media. Dos palácios aos autocarros, dos museus aos guardas, das lojas de departamento às cabines telefónicas, do metropolitano aos teatros, tudo em Londres, do imenso ao ínfimo, tem potencial turístico. Na Europa até pode ter rivais. Na Inglaterra, nem pensar.

Será? A indústria do futebol está a democratizar o turismo do país, segundo reportagem da revista norte-americana Forbes. Liverpool e Manchester são hoje, graças aos seus clubes, o Liverpool FC (e também o Everton), na primeira, e os vizinhos United e City, na segunda, um polo turístico capaz de rivalizar com as incontáveis atrações da capital.

Se Londres somou meio milhão de visitantes em 2019 - os dados de 2020 e 2021 não são indicadores precisos por causa da pandemia - o noroeste inglês chegou a 376 000, a menor diferença de sempre, muito graças ao soccer.

Desses 376 000, 18% viajaram apenas com o intuito de ver um jogo de futebol daqueles colossos - Old Trafford, por exemplo, recebeu 226 mil visitas, Anfield, 223 mil.

E de estar lado a lado com o Mini Cooper de George Best, velha glória norte-irlandesa do United, ou as botas Black Lives Matter de Trent Alexander-Arnold, estrela dos nosso dias do Liverpool, ambas expostas no Museu de Futebol do país, não por acaso sediado em Manchester em vez de Londres e destino de 50 mil turistas em 2019 só de fora do Reino Unido.

Nem é preciso ir ao estádio para sentir o jogo: turistas da Escandinávia e dos Estados Unidos têm a mania de ver as partidas dos colossos do norte num pub rodeados de pints.

Já entre quem visita Londres, apenas 3% incluem estádios de futebol no cardápio das férias. O futebol é apenas mais uma daquelas atrações todas da capital listadas no primeiro parágrafo e não a atração.

Depois de tantos anos de domínio londrino no turismo em Inglaterra, o norte vinga-se. E vai vingar-se mais porque o mais novo dos novos ricos do futebol, o Newcastle United, é ainda mais a norte.

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