41% das casas com pedido de licenciamento nos últimos cinco anos não arrancaram

Foi solicitado licenciamento para a construção de 128.800 apartamentos, mas só 75 mil entraram em obra.
A travagem das intenções de investimento prende-se com a instabilidade política, a inflação e o aumento dos juros.
A travagem das intenções de investimento prende-se com a instabilidade política, a inflação e o aumento dos juros.D.R.
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As autarquias do país receberam, entre 2019 e 2023, pedidos para o licenciamento de 128.800 novos apartamentos, mas apenas 59%, ou 75.550 fogos, foram licenciados e entraram em obra, revelou esta sexta-feira a Confidencial Imobiliária. Em suspenso, ficaram 53.200 casas, 41% da oferta potencial. 

Segundo a análise da consultora especializada em dados do setor imobiliário, terão sido concluídos nos últimos cinco anos 48.900 novos apartamentos em Portugal Continental. Estes fogos terão sido todos vendidos, de acordo com as projeções de transações realizadas a partir da base de dados do SIR-Sistema Residencial, adianta em comunicado. 

“Estes dados mostram que há um hiato muito relevante entre as intenções de investimento e a obra efetivamente lançada", diz Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, em comunicado. Para o especialista do setor, "o congelamento de uma fatia tão importante da oferta planeada reflete, sobretudo, o ciclo de instabilidade dos últimos anos, marcado pela pandemia, a guerra, a inflação, o aumento dos juros e, a nível nacional, o pacote Mais Habitação, contexto que, na prática, significou tirar 53 mil novos apartamentos ao mercado".

Ricardo Guimarães revela ainda que o último inquérito Portuguese Investment Property Survey, uma parceria entre a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários e a Confidencial Imobiliário, concluiu que "a instabilidade e riscos políticos foram os fatores que mais se agravaram e penalizaram o aumento da oferta em 2023". O estudo dá ainda nota que "a falta de procura surge como a menor das preocupações do setor”.

As conclusões da Confidencial Imobiliário resultam da análise aos dados dos pré-certificados emitidos pela ADENE, que refletem as intenções de investimento da promoção imobiliária, e os dados do licenciamento de habitação do Instituto Nacional de Estatística. 

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