A importância de ter uma agenda de crescimento

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O futuro da economia portuguesa depende cada vez mais da capacidade das fileiras económicas e das suas empresas apostarem numa agenda de crescimento. Vários são os casos de sucesso nesta agenda, como é o caso da fileira da Madeira e do Mobiliário que no período 2016-2020 - conforme estudo realizado pela Católica do Porto - apresentou indicadores muito positivos neste contexto. Com uma performance globalmente superior à do calçado e ao nível do têxtil e vestuário, esta fileira é claramente uma referência da importância de fazer do crescimento e do valor as palavras-chave para o futuro.

Do estudo realizado pela Católica sinalizam-se vários pontos - a dimensão sustentada do crescimento (aumento do número de empresas, reforço do volume de negócios e melhoria do capital investido), a aposta na inteligência económica (associada a uma gestão colaborativa da cadeia de valor, em articulação com os principais stakeholders) e o exemplo de uma boa prática, assente no papel de intermediação inteligente da AIMMP como plataforma de apoio à inovação e internacionalização como vetores centrais para a competitividade da fileira.

O sucesso do crescimento das nossas empresas é fundamental para o futuro do país. É um objectivo que não se concretiza meramente por decreto. É fundamental que a nossa economia agarre a verdadeira aposta estratégica coletiva para os próximos anos. O que está verdadeiramente em causa em tudo isto é a assunção por parte do país dum verdadeiro desígnio estratégico de alterar o modelo mais recente de evolução de desenvolvimento económico. Inovação, conhecimento e criatividade são as palavras-chave de uma estratégia centrada na criação de valor global com efeito no emprego e riqueza.

A preocupação em envolver os atores de inovação neste processo fará a diferença. Também nesta área muito interessante e inovador o exemplo da fileira do mobiliário e madeira ao reforçar as ligações com centros de competência e de tecnologia que possam acrescentar valor em termos das novas soluções propostas para os mercados. A qualidade de produtos e serviços apresentados pelas empresas nos diferentes mercados é a melhor demonstração do sucesso desta política de inovação aberta desenvolvida pela fileira.

A Economia Portuguesa precisa de um novo choque. E compete às fileiras e às suas empresas a liderança do processo de mudança. Impõem-se exemplos capazes de projetar no país uma dinâmica de procura permanente da criação de valor e aposta na criatividade. Num tempo de mudança, em que só sobrevive quem é capaz de antecipar as expectativas do mercado e de gerir em rede, numa lógica de competitividade aberta, os bons exemplos - como a madeira e o mobiliário - não podem demorar. Têm que ser a base do futuro que queremos que seja já hoje!

(Nota: O autor escreve segundo o Antigo Acordo Ortográfico)

Francisco Jaime Quesado, Economista e Gestor - Especialista em Inovação e Competitividade

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