A importância do crédito responsável

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O clima de incerteza na recuperação económica pós-pandemia, agravado pelo contexto do conflito militar Rússia-Ucrânia repercute-se na economia, nas empresas e nas famílias, que lidam com a escassez de matérias-primas, o aumento generalizado dos preços de bens e serviços, o consequente agravamento do custo de vida e a redução do rendimento disponível e do poder de compra.

Contudo, mesmo nesta conjuntura de incerteza, há necessidades que têm de continuar a ser satisfeitas, e a compra de casa mantém-se como um dos principais projetos das famílias, pelo que o crédito habitação assume o seu papel como veículo para o acesso à habitação própria.

Pedir um empréstimo para comprar casa representa um compromisso financeiro para vários anos, exigindo, pois, uma análise ponderada, para que esta decisão seja tomada de forma responsável e sustentável, sem comprometer o orçamento familiar e a capacidade de cumprimento de obrigações.

Antes de avançar, é fundamental que as famílias calculem a sua taxa de esforço, ou seja, a relação entre o rendimento mensal líquido do agregado familiar e as respetivas despesas, e definam qual o seu limite máximo, mantendo uma folga para enfrentar possíveis acréscimos de despesas. De modo geral, para o crédito à habitação, recomenda-se uma taxa de esforço até 30%. É igualmente essencial comparar as diversas soluções propostas pelos bancos e verificar a que melhor se adapta às necessidades e orçamento de cada família, fazendo as perguntas que se entenderem necessárias.

Por seu turno, os bancos desempenham um papel muito importante na apresentação e contratualização esclarecida do crédito, sendo, mais que financiadores, consultores dos seus clientes, fornecendo todas as informações de forma simples e transparente, apresentando as soluções mais adequadas às suas circunstâncias específicas e alertando para os possíveis impactos na sua vida financeira futura.

A adoção destas boas práticas e avaliação de riscos por parte dos bancos é fundamental para prevenir possíveis situações de crise e sacrifício para as famílias, ajudando a evitar o incumprimento.

O próprio regulador - Banco de Portugal -, tem reforçado as orientações com vista à adoção de regras mitigadoras dos riscos associados ao crédito à habitação, tais como a implementação de um prazo máximo para os empréstimos, ou limites à percentagem de financiamento face à avaliação do imóvel.

No caso do Bankinter, para além de termos implementado desde há vários anos práticas e critérios responsáveis na concessão de crédito com uma rigorosa avaliação dos riscos e do perfil dos clientes, em linha com as orientações do Banco de Portugal, seguimos uma permanente trajetória de melhoria da nossa proposta valor a apresentar aos clientes atuais e futuros. Inovamos do ponto de vista digital com a disponibilização de uma plataforma online, que permite a gestão integral do processo de forma remota, com total comodidade e transparência para os clientes, com apoio permanente de especialistas ao longo de todo o processo. Ao nível da oferta, para além de mantermos um vasto leque de soluções competitivas quer em taxa variável quer em taxa fixa, criamos soluções específicas tais como o Crédito Habitação Eficiente (imóveis com melhor nível de eficiência energética dando relevo às preocupações de sustentabilidade ambiental), ou dirigidas a segmentos específicos como Seniores ou Clientes Internacionais cujas necessidades requerem soluções ajustadas.

O setor financeiro tem de estar presente e continuar disponível para concretizar os projetos e sonhos das famílias. Todos - bancos, reguladores e consumidores - aprendemos com a crise de 2008-2015, que afetou não só Portugal como outras economias internacionais. Hoje estamos todos mais focados em assegurar a continuidade da concessão de crédito, em particular crédito habitação, pela importância para a economia, com critérios responsáveis para que o apoio às famílias seja uma realidade, sem colocar em causa a situação financeira e respeitando a confiança daqueles que procuram nas instituições financeiras soluções para as suas necessidades.

Vítor Pereira - Diretor de Produtos, CRM, Marketing e Canais Digitais e membro da Comissão Executiva do Bankinter Portugal

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