O Instituto de Europeu de Patentes (IEP) publicou um estudo, datado de novembro de 2022, sobre a participação das mulheres na atividade inventiva, que fornece, nomeadamente, dados sobre as mulheres inventoras nos países europeus, áreas de tecnologia e perfis dos requerentes de patentes..A Letónia (30.6%), Portugal (26.8%), Croácia (25.8%), Espanha (23.2%) e Lituânia (21.4%) têm a maior percentagem de mulheres inventoras. Já a Alemanha (10.0%), Luxemburgo (10.0%), Liechtenstein (9.6%) e Áustria (8.0%) são os países com menor percentagem..Porque é que estas diferenças ocorrem? E como é que Portugal se classificou tão bem?.Em primeiro lugar, as diferenças entre os países europeus podem ser justificadas, em grande parte, pela maior presença de mulheres inventoras nas universidades e instituições públicas de pesquisa e nos setores da química e ciências da vida. .Curiosamente, ou não, o estudo também destaca que os pedidos de patentes de universidades e organizações públicas de pesquisa têm uma parcela significativamente maior de mulheres inventoras (19,4%) do que as de empresas privadas (10,0%)..Podemos concluir da leitura do estudo que as contribuições das mulheres para a ciência e tecnologia aumentaram significativamente nas últimas décadas (cerca de 2% no final da década de 1970 para mais de 13% em 2019), com destaque para as inventoras nacionais, que são mais do dobro relativamente à média europeia..No que diz respeito aos setores de tecnologia, a química é o que tem maior percentagem de mulheres inventoras (22,4% em 2010-19). Já a engenharia mecânica é a área com menor participação (5,2%)..No entanto, o facto é que a paridade com os homens ainda não foi alcançada, apesar de estudos anteriores demonstrarem uma boa sinergia em equipas com diversidade e equidade de género..Por exemplo, num estudo realizado em 2018 pela OCDE, descobriu-se que a diversidade e a colaboração internacional aumentam a atividade inventiva, o que sugere que uma maior diversidade nas equipas de investigação pode levar ao desenvolvimento de patentes mais úteis e bem-sucedidas. Concluiu-se também que a variedade entre os detentores de patentes pode levar a uma gama mais ampla de soluções para uma multiplicidade de desafios humanos. Na prática significa que quanto mais diverso for o conjunto de inventores, maior é a capacidade de resposta aos desafios de mercado..Mostra-se, assim, de extrema necessidade e importância que se alcance uma maior igualdade de género na atividade inventiva dos países, como fator potenciador do setor da inovação, alavancado numa imprescindível proteção efetiva dos direitos de propriedade intelectual..Como referiu António Campinos (presidente do IEP) no prefácio do estudo do IEP, "A nossa capacidade de sustentar as nossas economias também depende de um setor de inovação vibrante apoiado pela proteção efetiva da propriedade intelectual. As Indústrias que fazem um uso intensivo de direitos de propriedade intelectual (DPI), por exemplo, já contribuem com 45% do PIB da UE. Eles também são mais resilientes em tempos de crise económica."..Poderá ter acesso ao relatório completo em www.epo.org/women-inventors..Agente Oficial da Propriedade Industrial e Consultora Jurídica J. Pereira da Cruz, S.A.