A nova vida do Gato Preto: destinos novos na mira e 3 milhões para lojas

A cadeia de decoração portuguesa nascida em 1986 renovou a marca e apesar da pandemia já pensa expandir-se para novos mercados. Quatro lojas deverão abrir neste ano em Portugal, Espanha e Angola.
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Há uma nova vida no Gato Preto. A começar pelo nome. A cadeia simplificou a marca a pensar no mercado externo, reposicionou-se e, inspirada na agilidade felina, pensa em dar o salto para novos mercados. Depois de Espanha, em três anos quer abrir até sete lojas em França, Alemanha e Itália. E vê opções no Reino Unido. Três milhões de euros serão investidos neste ano para abrir mais duas lojas em Portugal e uma em Barcelona.

Depois da quebra de um terço da faturação no ano passado, a refletir o fecho temporário da rede, "apontamos que 2021 já seja um ano de crescimento face a 2020, sobretudo depois do segundo trimestre", adianta Joaquim Pássaro, CEO do Gato Preto. "Temos a expectativa de duplicar o crescimento do online face ao ano passado. Um cenário conservador porque, neste momento, estamos a triplicar o valor do ano passado." A cadeia tem 65 lojas, das quais 25 em Espanha, e cerca de 600 trabalhadores.

Online triplica vendas

A "Loja do" caiu do nome da marca - "somos uma empresa portuguesa com presença internacional, sobretudo em Espanha. Tínhamos duas palavras na marca (loja e preto) de difícil pronunciação em espanhol" - e ganha espaço Gato Preto. "O rebranding foca-se no que é o ADN do Gato Preto, na agilidade, o que simboliza o Gato Preto como um animal presente numa marca de decoração, que nasceu em 1986, e com um percurso enorme em Portugal no segmento da decoração", diz o CEO. "Quisemos integrar este conceito no espaço de decoração e termos uma postura de living spaces. O gato é um animal dinâmico, super independente. Queremos que simbolize a vida que queremos dar aos nossos lares e, no caso, à decoração dentro dos espaços de casa e não só."

A mudança surge num momento em que o confinamento obrigou os consumidores a repensar os espaços onde vivem. "A pandemia trouxe para o centro da nossa vida a casa e a decoração, foi um catalisador da forma como vivemos a casa, do uso que damos aos espaços - com o teletrabalho, com a escola a partir de casa - que nos obrigou a usar a casa de forma diferente", diz o gestor. "Foi um dos aspetos que nos obrigou a pensar neste conceito de living space e, ao mesmo tempo, é uma questão de modernização. Era uma marca com um certo peso dos anos e que quisemos transformar numa marca mais jovem, dinâmica, com uma forma mais simples de a dizer, um nome mais apelativo." A marca que tem na Zara Home ou Area, Ikea ou a Maison du Monde, os seus concorrentes mais próximos, tem um forte reconhecimento junto dos consumidores. "Somos uma marca que está no top 3 em Portugal nas referências deste setor, e em Espanha no top 5."

Fechados em casa, com parte da rede de 65 lojas encerradas - das 40 lojas em Portugal estão agora abertas as quatro na Madeira e Açores e, das 25 em Espanha estarem ou não encerradas depende de cada região - o online teve um crescimento "explosivo" em 2020. "Durante o confinamento o ecommerce teve um crescimento enorme, havia a expectativa que se prolongasse mas não com tanta intensidade após o desconfinamento. O que sucedeu foi um crescimento enorme do click & collect: as pessoas optam por encomendar online e levantar na loja", descreve. "O click & collect, em termos de percentagem de vendas totais da loja, continua a ser apenas um dígito, mas no final do ano passou a dois dígitos da média das vendas totais por loja", precisa. Em 2020, o digital "triplicou o volume de negócios". "Foi um crescimento muito forte e similar em Portugal e Espanha, e também em França, onde temos operação de ecommerce. Em 2021, continuamos a crescer na mesma cadência em relação a 2020". Para esse crescimento, terá contribuído a entrada no Dott, tanto que a cadeia estuda entrar em "mais dois marketplaces - em segmentos de produto e não em todo o product mix Gato Preto".

Com o crescimento do click & collect, a aposta na ligação entre as compras online e lojas físicas é uma tendência que veio para ficar. Por isso, o Gato Preto continua a querer estender a rede. "Vamos abrir uma nova loja em final de abril/princípio de maio em Barcelona, no shopping Glòries, mesmo no centro da cidade, e está já em obra. A loja reflete o rebranding e tem um conjunto de novas funcionalidades ao nível desta experiência omnicanal em que estamos a apostar", diz.

Mas há mais destinos. "O mercado francês (Paris e Lyon) assim como outros europeus, como o italiano e o alemão, estão no rumo" e estudam "uma abordagem ao mercado britânico via department stores (grandes armazéns)". E não só. "Estamos a trabalhar com um parceiro para uma abertura em Angola em franchising", será o regresso ao país.

Expansão em Portugal

Não faltam planos para Portugal. "Estão em negociação mais duas aberturas", diz. "São lojas com abertura para a rua. Uma na zona Norte e outra na zona Centro."

"Neste ano o investimento que temos previsto é da ordem dos 3 milhões de euros. No plano a três anos - em que o grupo quer abrir entre cinco e sete lojas - ainda não conseguimos dar valores, vai depender da evolução dos preços de mercado de algumas rubricas, inclusive novas tecnologias que estamos a incluir nas lojas", diz. E que incluem touch screens, permitindo uma compra interativa, ou a implementação de iluminação LED, para uma transição energética para maior sustentabilidade. "Queremos fazer um investimento ligado ao Plano de Recuperação e Resiliência, a digitalização e a redução da pegada ambiental, queremos aproveitar esse incentivo e esse projeto à escala europeia para dotarmos a nossa rede de uma capacidade ambiental e tecnológica ainda maior."

A expansão física será acompanhada por um crescimento da oferta online nesses mercados. "As pessoas não vão deixar de ir às lojas. São sítios de convívio onde se pode pedir conselhos, tocar nos objetos. Vai haver um reequilíbrio dos canais. O que vai sair desta pandemia é um omnicanal reforçado."

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