A novela da extinção do SEF

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A história começa mal e vai acabar pior. Começa com uma decisão à pressa e popularucha, numa típica fuga para a frente de quem não sabe o que fazer, no seguimento de uma série de escândalos de más práticas que vão desde a ineficácia dos serviços, passando por acusações de corrupção até ao absurdo da morte de um cidadão estrangeiro. De lá para cá, como não havia um plano, e perante a incerteza, ocorreu uma debandada de funcionários, greves, passa-culpas e uma série de adiamentos da extinção que está a originar o caos. O caos nos aeroportos, na gestão dos pedidos de autorização de residência e renovações, junto de imigrantes e estrangeiros extracomunitários que querem entrar em Portugal.

É um desrespeito por todos, a começar pelos funcionários e a acabar nos imigrantes condenados a um limbo, sem respostas, sem os direitos mais básicos acautelados. Mas é um desrespeito também por todas as instituições, organizações e pessoas que promovem Portugal lá fora. É um desrespeito por todo esse esforço e investimento.

Queremos ser um país atrativo e trazer jovens nesta nova era de teletrabalho e nómadas digitais. Queremos que empreendedores e startups se instalem em Portugal. Queremos que jovens de todo o mundo optem pelas nossas universidades. Queremos atrair investimento estrangeiro. Mas mais do que querer, precisamos destas pessoas para trabalhar, criar economia, criatividade, riqueza, pluralidade, numa sociedade em acelerado envelhecimento, num país em queda livre para a cauda da Europa. Prometemos segurança e qualidade de vida, mas logo à entrada damos desorganização, serviços que não funcionam e desrespeito.

Esta república das bananas está a gerar uma onda de desconfiança nos investidores e interessados em viver em Portugal, pondo em causa a imagem do país. Construir a imagem de país atrativo custou e demorou muito. Destruí-la é fácil e rápido. É urgente acabar esta novela.

Advogado

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