As crianças de hoje, são os adultos de amanhã. Por isso, é tão importante a literacia financeira nas suas vidas. São elas que, no futuro, vão lidar com a economia, o emprego, os créditos e as dívidas.
Ao desenvolverem boas bases sobre a importância do dinheiro, da poupança e outros conceitos, vão conseguir tomar decisões mais conscientes e acertadas, bem como ter uma situação financeira saudável.
Antes de passar para a prática, é importante passar à criança alguns conceitos básicos, como a importância do dinheiro e da respetiva poupança.
No entanto, pode não ser uma tarefa fácil passar para os mais pequenos conceitos financeiros, uma vez que muitos deles são complexos. Assim, deve introduzir os conceitos de forma gradual, que seja percetível para as crianças e que esteja de acordo com a sua idade.
Permita que a criança interaja com o dinheiro, através de jogos, por exemplo, ou, dependendo da idade, através da atribuição de uma semanada ou mesada, que ajude os mais novos a gerirem o dinheiro.
Introduza conceitos como o caro e o barato, para que comecem a perceber o valor do dinheiro. Explique-lhes ainda a diferença entre o desejo e a necessidade.
Fale abertamente e em família sobre o dinheiro, os objetivos familiares, bem como a sua situação financeira. Deve ainda envolver a criança na elaboração do orçamento familiar para que ela possa ir ganhando noções sobre o que são despesas fixas, os rendimentos e como fazer uma gestão do dinheiro adequada.
Reforçamos que para passar uma educação financeira eficaz é importante a coerência entre o que ensina e o que pratica. Até porque as crianças estão sempre atentas às práticas dos adultos e acabam por aprender com os mesmos. Ou seja, é importante que, enquanto tutor, tenha hábitos financeiros saudáveis e responsáveis.
Qual a idade que deve dar dinheiro ao seu filho e ensiná-lo a poupar? Não existe uma idade certa para começar a poupar. Mas, quanto mais cedo a literacia financeira for introduzida no dia a dia das crianças melhor.
Por exemplo, é mais ou menos, a partir dos 3/4 anos que as crianças começam a fazer pedidos. Claro que, nesta fase, ainda é muito cedo para dar dinheiro às crianças para estas gerirem. No entanto, aqui já pode ir explicando alguns conceitos, como o barato e caro que referimos no ponto anterior, que o dinheiro não nasce nas árvores e que este é um recurso limitado.
Mais à frente, a partir dos 6 anos, uma vez que também começam a frequentar a escola e a estar familiarizadas com os números e contas, já pode permitir que comecem a fazer a gestão de pequenas quantias. E como? Através o método "Gastar, Poupar e Ajudar". Isto é, imagine que a criança tem uma semanada ou que ganha no aniversário uma prenda em dinheiro, deve-lhe ser explicado que 50% deve ser utilizado para gastar nas despesas essenciais, 40% para poupar e aplicar no futuro em algo que queiram ou precisem, e 10% para ajudar alguém ou uma causa em que acreditem. Por exemplo, se der 1€ ao seu filho, este poderá utilizá-lo da seguinte maneira:
- 0,50€ para o mealheiro do gastar, um valor disponível para despesas essenciais;
- 0,40€ para o mealheiro do poupar, um valor que pode ser utilizado para mais tarde conseguir comprar algo que queira muito, mas cujo valor é mais elevado;
- 0,10€ para o mealheiro do ajudar, um valor que é usado a pensar no outro, como oferecer um bilhete de cinema a um amigo que não tenha dinheiro para tal.
Desta forma, vão conseguir perceber que não devem gastar o euro por inteiro, e que este deve ser rentabilizado em várias frentes. Um incentivo para poupar pode passar pela explicação de que ao colocarem dinheiro de parte poderão, mais tarde, comprar aquele brinquedo, roupa ou outro objeto que tanto querem.
Em suma, a partir desta idade já podem e devem começar a poupar. Depois é importante que vá adaptando os ensinamentos e as metas ao longo dos anos, para que estas também estejam adequadas às necessidades da criança e, mais tarde, do adolescente.
Se ainda não introduziu este tema ao seu filho, não se preocupe, nunca é tarde para o fazer. O importante é que o faça e que os mais novos tenham acesso à educação financeira de maneira a que possam gerir da melhor forma o seu dinheiro no futuro.
Até mesmo para os adultos é fundamental que atualizem os seus conhecimentos sobre literacia financeira, uma vez que o mundo está sempre em constante mudança, e a área financeira também. Embora existam conceitos inalteráveis ao longo do tempo, é sempre possível encontrar maneiras de melhorar a sua saúde financeira.
Quanto mais a sua família aprender e colocar em prática, melhores são as probabilidades de alcançar os objetivos a longo prazo. Para além disso, se os seus filhos crescerem num ambiente onde a literacia financeira é um pilar educacional, na idade adulta terão uma maior facilidade de encontrar soluções para os problemas financeiros que surgirem.
(Este artigo assinado pelo Doutor Finanças resulta de uma parceria com o Dinheiro Vivo, onde serão publicados conteúdos de finanças pessoais e literacia financeira quinzenalmente e um simulador por mês)