A Adega Mayor, fruto do sonho de Rui Nabeiro e da sua paixão pelos vinhos e pela sua terra, Campo Maior, comemora 15 anos. Rita Nabeiro, CEO da empresa, não levanta o véu sobre as comemorações, que hão de acontecer em junho, mas adianta que será ano de investir na marca, com um restyling das suas várias gamas de vinhos. 2021 marcou "o melhor ano de sempre" na história da empresa. Uma performance que permite regressar aos investimentos, designadamente ao nível da sustentabilidade. E há uma nova área de aposta, uma marca de biocosmética que dá nova vida às grainhas da uva.."Apesar da pandemia e do arranque do ano ter sido difícil, com o fecho da restauração, o mercado reagiu muito bem e conseguimos recuperar as perdas do primeiro semestre e 2021 acabou por se revelar o melhor ano de sempre da Adega Mayor. Crescemos 10% face ao ano anterior e ficámos acima dos objetivos a que nos tínhamos proposto", diz Rita Nabeiro, avançando que, "este ano, a empresa está no bom caminho". E apesar da incerteza gerada pela guerra na Ucrânia - "Temos consciência que o futuro nos pode colocar desafios adicionais, dado que é uma disrupção em cima de outra disrupção" -, a Adega Mayor está preparada para regressar aos investimentos, seja ao nível do suporte, na área agrícola, à conversão para a produção em modo biológico, na instalação de painéis fotovoltaicos e em infraestruturas para melhorar as condições de trabalhos dos colaboradores.."Tivemos alguns dos investimentos suspensos nos últimos dois anos, estamos a querer retomar. E vamos investir cada vez mais nos mercados internacionais, com o regresso às feiras de vinhos que estiveram suspensas com a pandemia. Estamos a apostar muito no mercado brasileiro e na Alemanha, onde em maio estaremos na ProWein", explica a responsável, sublinhando que é importante "dar um sinal de confiança ao mercado", ainda que a empresa se mantenha atenta ao contexto, seja ele social, político ou económico. As exportações valem 30% das vendas da empresa..Numa primeira fase, que se prolongará provavelmente por 2023, a Adega Mayor conta investir cerca de meio milhão de euros, com grandes destaque nas áreas ambientais, de sustentabilidade e de infraestruturas para os trabalhadores..Pensados, mas ainda sem data para arrancar, estão investimentos mais profundos de infraestruturas, tendo em vista um aumento da capacidade produtiva e uma otimização da operação em termos logísticos. "É um projeto de uma dimensão diferente, antes de 2023 não irá arrancar", explica Rita Nabeiro. Já os investimentos na digitalização já vêm de trás e são para continuar. "Temos uma política de grande transparência no acesso à informação, de partilha do conhecimento e de desmaterialização dos processos em papel. Já temos a certificação ISO 9001, mas queremos avançar com a certificação na área da sustentabilidade", afirma..No imediato são os aumentos dos custos das matérias-primas - mas também a dificuldade em obtê-las, designadamente no que às garrafas diz respeito - que mais preocupam a empresa. Os vinhos da Adega Mayor têm um preço médio de venda na prateleira acima dos quatro euros. A empresa procedeu já um ajuste dos preços, com aumentos médios de 4 a 5%. "A conjuntura é complexa, mas temos um portefólio com alguma flexibilidade de gama que permite acomodar estes aumentos. É importante investir não só na sustentabilidade ambiental, mas também na social; já temos uma equipa considerável e isso também tem de se pagar", defende..O enoturismo é outra das áreas de grande aposta da Adega Mayor, que se ressentiu com a pandemia. Mas, em contrapartida, as vendas online subiram e as vendas à porta da adega também. "Apesar da redução do número de visitantes - 10 mil anuais antes da pandemia - a faturação não baixou e já estamos a sentir a retoma", diz Rita Nabeiro, sublinhando que o enoturismo vale já 5% das vendas da empresa..A biocosmética foi a mais recente aposta com a marca OR, lançada em dezembro. Esta é uma parceria com a também alentejana Âmbar Bio Cosméticos, que permitiu o desenvolvimento de dois cremes hidratantes, de corpo e mãos, feitos à base de óleo de grainha de uva, à venda na loja online da Adega Mayor..Uma experiência que nasceu da vontade de regenerar os desperdícios resultantes da sua atividade. "Queremos fechar este ciclo de tratamento dos resíduos, absorvendo cada vez mais as massas, as grainhas, películas, tudo o que sobra das prensagens nas vindimas. Há uma parte que tem que ser enviada para destilação, mas também pode ser usado para fertilização dos campos. Esta é uma área [a circularidade] que me agrada muito", diz Rita Nabeiro..A empresária reconhece que "há uma ambição" de vir a desenvolver a biocosmética como uma área complementar de negócio, mas os passos seguintes não estão ainda completamente definidos. O certo é que o feedback "tem sido muito positivo" e Rita Nabeiro admite pensar em complementos de gama aos cremes já lançados, como é o caso de um exfoliante de corpo ou um batom. Sendo certo que a lógica será sempre a de acrescentar valor, com a consciência de que o core da empresa será sempre o vinho.