
O prazo para a liquidação do fundo Nexponor, que detém os ativos imobiliários da Exponor, em Matosinhos, foi novamente prorrogado, agora para 2 de maio de 2025, mais seis meses do que data prevista (2 de novembro de 2024). A decisão foi tomada esta quarta-feira, em assembleia geral, e visou dar mais tempo para que seja encontrado um investidor para os 200 mil metros quadrados de terreno, dos quais 60 mil estão ocupados com o parque de exposições da Feira Internacional do Porto - o maior da Península Ibérica -, a que se somam ainda uns terrenos adjacentes a esta estrutura. Os ativos estão avaliados em 55 milhões de euros.
Segundo Rui Alpalhão, que detém uma participação de 1,3% no fundo, os ativos despertaram o interesse de um investidor estrangeiro, que chegou a ter a escritura de compra e venda marcada, mas o negócio acabou por não se concretizar. “Alguma infelicidade no levantamento de fundos”, justificou este responsável, que participou na criação do fundo imobiliário em 2013 e está ligado à Fund Box, sociedade gestora do Nexponor. Rui Alpalhão garante que o investidor continua atento ao negócio, mas o certo é que os ativos não saíram do mercado.
Apesar de recuos e avanços, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) afirma ao DN manter o interesse em adquirir o espaço histórico. “A AEP não desistiu da aquisição da Exponor”, diz Luís Miguel Ribeiro, presidente da associação e também da Exponor. Como afirma, “está a acompanhar a evolução deste dossier” e “totalmente empenhada em encontrar uma solução”, numa estratégia que passará “pelo alinhamento com a Câmara Municipal de Matosinhos”. O responsável sublinha que o plano, “para o qual estamos a trabalhar afincadamente, é para que o parque de exposições continue a ser um ativo da AEP, não só na exploração, mas, eventualmente, também na propriedade”.
Recorde-se que a AEP tem um contrato de arrendamento para explorar o parque de exposições até 2028.
Entretanto, a Câmara Municipal de Matosinhos já aprovou um master plan para os terrenos, que contempla uma área de exposições e serviços com aproximadamente 40 mil metros quadrados (m2), espaço comercial com cerca de 15 mil m2, a construção de um edifício de escritórios e também de um hotel com 159 quartos, para apoio das feiras e centro de conferências. Para este último, o plano prevê a ampliação de 24 salas multiusos e a modernização da sala de apresentações, de acordo com informações que constam no site da Nexponor. A autarquia também emitiu um pedido de informação prévia, cuja validade é de 12 meses.
Luís Miguel Ribeiro lembra que a Exponor é o “grande parque de exposições do Noroeste Peninsular”. Em 2023, organizou nove feiras com 1078 expositores e 100 600 visitantes, e recebeu 56 eventos. Este ano, é também um exercício “normal, de cumprimento de objetivos”, diz.
Por sua vez, Luís Pedro Martins, presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal, defende que a “Exponor é um ativo estratégico incontornável para o turismo de negócios” do Norte, sendo que este segmento “tem um elevado potencial de crescimento na região e, com a sua natureza de agente multiplicador, alavanca não só as empresas do setor do turismo, mas também contribui ativamente para a capacidade exportadora da região”. Na sua opinião, “seria péssimo perder um dos principais motores de atração de eventos corporativos de grande dimensão”.
Para o presidente da Turismo Porto e Norte de Portugal, o encerramento do parque de exposições comprometeria “a capacidade de organização de feiras internacionais de referência, que atualmente trazem milhares de visitantes profissionais à região”.
Recorde-se que a constituição do fundo imobiliário Nexponor surgiu no âmbito da reestruturação financeira da AEP. A associação entregou a Exponor ao fundo, numa operação que, através da conversão dos créditos da banca em unidades de participação, limpou o passivo da AEP, que na altura ascendia a cerca de 100 milhões de euros. O fundo tem mais de 200 acionistas (os credores da AEP), com destaque para os principais bancos portugueses.
O DN procurou ouvir a Câmara de Matosinhos, mas sem sucesso até ao fecho desta edição.