Alemanha vai mesmo aumentar o investimento público

Criticada pelo excedente comercial, a Alemanha vai acelerar o investimento público em infraestruturas, mostra um relatório do governo de Merkel
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A Alemanha, criticada pelo excedente comercial, penalizante para os seus parceiros comerciais, quer acelerar os investimentos públicos em infraestruturas nos próximos anos, segundo um relatório do Ministério alemão das Finanças a ser divulgado hoje.

Se o investimento público -- do Estado central, estados regionais e municípios -- cresceu a um ritmo médio anual de 3,8% entre 2005 e 2016, passará agora a crescer "cerca de 5% nos próximos anos" até 2021, de acordo com o relatório mensal do ministério dirigido por Wolfgang Schäuble, que prevê um "boom" nesse domínio.

"As novas autorizações no setor do imobiliário e obras públicas, incluindo infraestruturas rodoviárias, evoluem a um nível nunca visto" desde o início do século XXI, de acordo com o documento.

"As novas autorizações na construção de infraestruturas rodoviárias são mesmo inéditas desde a reunificação da Alemanha", no início dos anos 90, acrescenta o ministério.

A Alemanha é alvo de críticas recorrentes das instituições internacionais ou dos seus parceiros comerciais, como os Estados Unidos e a França, que a acusam de não importar o suficiente e de não investir, por forma a beneficiar por efeito de ricochete outras economias do seu sucesso nas exportações.

O documento compara ainda a despesa pública alemã -- com o acolhimento de refugiados, construção de creches e outras infraestruturas - entre 2005 e 2016 com outros parceiros europeus, como a França, em que aumentou 0,6% no mesmo período , ou Espanha e Itália, onde o indicador recuou.

"Muito poucos países mostram uma dinâmica de investimentos mais forte do que a da Alemanha" e são todos da Europa de leste (Eslováquia, Lituânia, Letónia e Estónia), sublinha o ministério.

"As críticas frequentemente formuladas [...] segundo as quais a Alemanha tem orçamentos restritivos às custas dos seus investimentos públicos não são fundadas", acrescenta o texto.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a apelar recentemente a Berlim para que baixe os impostos e aumente o investimento.

Schäuble, defensor da ortodoxia orçamental, deu recentemente a entender que poderá haver alguma folga nos impostos, mas apenas depois das eleições legislativas, previstas para o próximo outono e se o partido conservador de Angela Merkel (CDU/CSU) sair mais uma vez vitorioso.

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