Alfredo Casimiro diz que não é "culpado" da situação da Groundforce. "É a pandemia" e "a falta dos apoios"

O acionista privado da Groundforce, na sua intervenção inicial, numa audição parlamentar, explicou que há várias mentiras a circular e que "têm de ser desmistificadas".
Publicado a

Alfredo Casimiro, o acionista maioritário da Groundforce, defende que a situação da empresa de handling não é sua responsabilidade. E diz que há várias mentiras a circular sobre ele que "têm de ser desmitificadas".

"O culpado não sou eu, não é a gestão privada. É a pandemia! E a falta dos apoios prometidos pelo Estado", defendeu Alfredo Casimiro, administrador da Pasogal e presidente do Conselho de Administração da Groundforce, na sua intervenção inicial na audição parlamentar, que decorre esta quinta-feira. "Sem a covid-19, a Groundforce continuaria a sua rota de crescimento, como está provado nos seus relatórios e contas dos últimos oito anos. Não foi por acaso que o próprio ministro, no passado mês de julho, se referiu à Groundforce, em diferentes reuniões, como 'a única empresa participada do Estado sob a sua tutela que não lhe dava dores de cabeça' e elogiou este modelo de parceria e a gestão da mesma", acrescentou.

O empresário indicou que entre 2007 e 2011, a Groundforce que estava nas mãos públicas teve prejuízos de mais de 151 milhões de euros. Contudo, desde que assumiu a empresa, em meados de 2012 até 2019, a empresa teve lucros de 28,8 milhões de euros. Notou ainda que a pandemia teve um efeito de perda de 90 milhões de euros na faturação da Groundforce.

Alfredo Casimiro indicou que, perante estes efeitos da pandemia, esperava ter acesso às linha de apoio covid "na forma de aval do Estado". Disse que pediu uma reunião com o ministro das Infraestruturas em junho, tendo esse encontro acontecido a 22 de julho do ano passado. Pedro Nuno Santos, disse o empresário, comprometeu-se a apoiar para que a Groundforce conseguisse aval do Estado para um empréstimo de 30 milhões de euros. Houve encontros com outros elementos do governo, mas a ajuda não foi entretanto concedida.

Mentiras

Alfredo Casimiro disse que há várias mentiras a circular. E explicou: as ações de Groundforce foram, desde julho de 2012, "compradas pela Pasogal, que foi constituída na altura para esse fim. A Urbanos, que era a empresa que eu tinha, interveio dada a urgência do governo em ter contratos fechados para mostrar a Bruxelas no final de 2011. Mas ficou bem claro perante a TAP SGPS e a Autoridade da Concorrência que as ações seriam compradas por uma nova empresa que eu estava a constituir".

Quanto à promessa de dar em garantia um penhor de ações, Casimiro diz que é "mentira e por duas razões". "Primeiro, porque um bem, mesmo empenhado ou hipotecado, pode ser dado em garantia múltiplas vezes, tudo dependendo do seu valor; Segundo, porque o bem a dar em penhor, à data em que este era para ser constituído, estaria nas condições exigidas pelo Governo e pela TAP SA".

Negou também que não tenha pago o preço definido pelas ações da Groundforce. "Comprei 50,1% da Groundforce por 3 milhões de euros, acrescidos de 20% do resultado bruto dos anos de 2012 e 2013. É importante frisar que este preço e todas as outras condições contratuais foram verificadas e aprovadas pela autoridade da concorrência". E, por fim, nega que tenha dinheiro em Malta. "Não há um cêntimo que tenha ido da Groundforce ou da Pasogal para Malta...! Pago todos os impostos no meu país!", garantiu.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt