Aos 175 anos, Periquita vale um terço das exportações da JMF

O vinho de mesa mais antigo de Portugal celebrou um aniversário redondo de olhos postos no futuro. A marca representa 35% das vendas da José Maria da Fonseca e um terço das suas exportações
Aos 175 anos, Periquita vale um terço das exportações da JMF
D.R.
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Foi em ambiente de festa e homenagem que a José Maria da Fonseca (JMF) celebrou os 175 anos do Periquita, o vinho emblemático da empresa, que é também a mais antiga referência entre os vinhos de mesa nacionais. A caminho de dois séculos de história, o Periquita continua a conquistar apreciadores em todo o mundo, com o Brasil, a Suécia, a Noruega, a Itália, e Canadá e os Estados Unidos da América entre os principais mercados externos. Para fora das fronteiras de Portugal, a JMF envia um terço da produção anual de 4 milhões de garrafas. Um valor que se torna particularmente relevante, numa altura em que as vendas se mantêm constantes com um peso de 35% do volume total de vendas do grupo, segundo esclarece fonte oficial da JMF ao Dinheiro Vivo.

“O Periquita representa um património cultural e histórico, um testemunho vivo da nossa vitivinicultura e da visão do nosso fundador”, realçava na última terça-feira, 30 de setembro, durante um evento de celebração, António Maria Soares Franco, administrador da JMF. “Não é apenas vinho, é sinónimo inovação, consistência e paixão”, referiu o responsável da empresa num espaço onde se juntaram centenas de clientes, amigos da marca, jornalistas e críticos de vinho. “Hoje brindamos ao passado e ao futuro, mantendo o compromisso inabalável com a excelência e a sustentabilidade”, adiantou.

Numa marca que a JMF gosta de apelidar como “Portugal engarrafado”, o Periquita foi colocando a casta Castelão no léxico dos consumidores. Aliás, na Península de Setúbal, este tipo de uvas foi e continua a ser, por alguns, ainda conhecido pelo nome Periquita - passa a Piriquita no Algarve, na Bairrada e no Alentejo, segundo nos conta o livro Wine Grapes, uma enciclopédia de castas escrito por Jancis Robinson, Julia Harding e José Vouillamoz.

Nos 175 anos da marca, brindou-se a outros tantos com os vinhos da casa
Nos 175 anos da marca, brindou-se a outros tantos com os vinhos da casaD.R.

Recentemente, a marca foi também alvo de um rebranding que dá particular destaque ao brasão da Ordem da Torre e Espada, numa clara alusão à “nobreza da nossa história” e ao “prestígio conquistado ao longo dos anos. Este símbolo é um selo de honra e autenticidade, que liga passado e presente, transmitindo confiança e orgulho em ser um ícone português”, referiu fonte oficial da JMF aquando do anúncio da nova imagem.

A empresa, cuja liderança já está na sétima geração, e se mantém totalmente nas mãos da família do fundador, criou inclusivamente A Confraria da Periquita, que junta personalidades de 14 países, com o objetivo de criar uma espécie de rede internacional de embaixadores da marca. Um movimento curioso, que remonta aos primórdios da comercialização de vinho, quando o marketing mais forte era aquele que era, efetivamente, feito pessoa-a-pessoa. Para uma marca como a Periquita, esta continua a ser uma importante forma de atuação, sobretudo longe de Portugal e dos mercados da saudade - aqueles onde, por norma, estão emigrantes nacionais.

Sendo um vinho de pouca complexidade e de uma casta muito típica do nosso país, torna-se facilmente apreciável por uma gama alargada de consumidores que procuram acima de tudo consistência e uma boa relação preço-qualidade quando escolhem uma referência para levar para a mesa. Ao manter-se fiel às uvas nacionais, nomeadamente ao Castelão, cuja popularidade cresceu graças ao esforço daquela região vitivinícola, a Periquita é também um símbolo da Península de Setúbal, tanto em Portugal como no resto dos mercados para onde exporta.

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