Aumento da prestação da casa: o que fazer?

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2023 arranca com péssimas notícias para todos aqueles que têm crédito à habitação.

As taxas Euribor, que são o principal indexante das taxas de juro dos créditos à habitação, que se encontravam em valores negativos desde março de 2015 voltaram a terreno positivo a partir de agosto de 2022, num movimento com forte correlação com a subida da inflação registada desde o início de 2021 e que acelerou sobretudo a partir do 2º trimestre.

Quem tem o crédito à habitação indexado à Euribor a 3 meses tem já vindo, a cada trimestre, a sentir o aumento da taxa de juro na prestação mensal.

As pessoas que têm o crédito indexado à Euribor a 6 meses, que são a maioria em Portugal, vão sentir o impacto já a partir de janeiro, altura em que se completam 6 meses sobre o início da subida das taxas Euribor.

Assim, e dependendo do calendário de revisão das condições do empréstimo de cada um, que tem sobretudo a ver com o aniversário sobre a data de contratação, teremos de estar preparados para um significativo aumento da prestação mensal já a partir deste mês.

Uma vez mais, e dependendo da circunstância em concreto de cada financiamento, o aumento poderá facilmente atingir 200€ mensais. O que, somando a todos os outros aumentos esperados neste início de ano, vai seguramente complicar a gestão da tesouraria familiar.

Antes de mais, é importante reconhecer que se trata de um movimento normal do mercado e que o pagamento do serviço da dívida dos créditos é uma obrigação do mutuário. Ainda assim há alguma reflexão a fazer por forma a, eventualmente, tomarmos medidas que permitam atenuar este impacto.

Desde logo, e nos casos mais agudos, isto é, aqueles em que o aumento da prestação vai fazer com que esta ultrapasse os 35% do rendimento do agregado familiar, o melhor conselho é contactar imediatamente o banco, eventualmente com a ajuda de um profissional de intermediação de crédito ou uma instituição como a DECO, por exemplo.

Em todos os outros casos, a primeira questão a ponderar é a mudança do crédito para outro banco onde consigo spread mais baixo. O spread corresponde à margem de lucro dos bancos. Com a subida da Euribor é natural que possamos ver alguma redução dos spreads praticados, pelo que convém consultar o mercado e perceber se é possível obter melhores condições noutro banco. Uma vez mais, o recurso a um intermediário de crédito poderá ser útil.

Se tiver alguma poupança, e dado que a remuneração média das aplicações financeiras é muito reduzida, poderá valer a pena aplicar uma parte das poupanças na amortização antecipada de capital, reduzindo por essa via a prestação mensal do financiamento.

Por outro lado, não esqueça a possibilidade de trocar de casa. Fale com um consultor imobiliário que possa ajudar a estimar o valor atual de mercado da sua casa. Os preços subiram muito nos últimos anos e pode ser que se surpreenda com o valor atual do seu imóvel. Uma mudança de casa por uma outra de menor valor - eventualmente com menor área ou numa zona menos pressionada pelo aumento dos preços - poderá ajudar a diminuir o peso do pagamento mensal ao banco.

CEO da iad Portugal

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