Banco de Inglaterra aumenta taxas de juro em 50 pontos base, a maior subida em 27 anos

O supervisor bancário britânico subiu as taxas de juro de referência de 1,25% para 1,75%, num esforço para conter a escalada da inflação, que deverá atingir os 13 % em outubro. Há risco de recessão no final deste ano.
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O Banco de Inglaterra aumentou as taxas de juro de referência Reino Unido em 50 pontos base de 1,25% para 1,75%, a maior subida desde 1995, num esforço para travar a escalada da inflação homóloga, atualmente em 9,4%, anunciou o supervisor bancário britânico esta quinta-feira. O objetivo é fazer recuar a inflação até aos 2%.

O aumento, amplamente esperado pelos analistas, responde ao aumento dos preços provocado pela recuperação económica pós-pandemia, pela guerra na Ucrânia e pela subida dos custos de energia.

No final da reunião desta quinta-feira, o Comité de Política Monetária do banco emissor britânico optou por este novo aumento e alertou para uma possível recessão no Reino Unido no final deste ano. Dos nove membros desta comissão, oito votaram contra e um a favor do aumento do preço do dinheiro para 1,75%, o nível mais alto desde final de 2008, ano da crise financeira internacional que eclodiu em 2007 nos EUA.

O Banco de Inglaterra justificou a subida da taxa diretora com a subida dos preços da energia. "De um modo geral, um ritmo mais rápido de aperto das políticas nesta reunião ajudaria a trazer a inflação de volta ao objetivo de 2% de uma forma sustentável a médio prazo, e a reduzir os riscos de um ciclo de aperto mais prolongado e dispendioso mais tarde", afirmou o banco.

O regulador britânico salientou que os preços do gás no mercado grossista quase duplicaram desde maio, devido às restrições russas no fornecimento daquela matéria-primeira à Europa e aos riscos de Moscovo impor mais cortes no envio de gás para o mercado europeu. "À medida que isto se for repercutindo nos preços da energia a retalho, irá exacerbar a queda dos rendimentos reais das famílias britânicas e aumentar ainda mais a inflação", sublinhou o banco.

O banco prevê ainda um novo aumento dos preços, que poderá fixar a taxa de inflação nos 13% no último trimestre, isto é, a partir de outubro, mantendo-se em níveis elevados durante o ano de 2023, embora se espere que venha a baixar posteriormente.

A subida da taxa de juro surgiu depois do regulador de energia britânico Ofgem (Office of Gas and Electricity Markets) ter dito esta quinta-feira que as contas de energia irão mudar de três em três meses para evitar choques de preços acentuados.

Atualmente, o preço máximo que as empresas de energia estão autorizadas a cobrar aos seus clientes é fixado semestralmente, mas a alteração é uma resposta à atual variação de preços.

Em outubro de 2021, o preço máximo da energia era de 1 400 libras (1 666 euros) por ano, mas em abril último subiu para 1 971 libras (2 345 euros). No próximo mês de outubro, espera-se que o preço suba para 3 358 libras (3 996 euros).

O banco prevê que o Reino Unido entre numa longa recessão, que pode durar mais de um ano, a partir do último trimestre, enquanto se espera que os rendimentos reais das famílias caiam rapidamente este ano e em 2023. O crescimento económico deste ano foi revisto em baixa, de 3,75% para 3,5%.

Para 2023, o Banco de Inglaterra prevê uma contração de 1,5% e, no ano seguinte, uma quebra de 0,25%. O banco central britânico espera ainda que os rendimentos reais das famílias caiam 1,5%, este ano, e 2,25%, em 2023.

O governador do banco britânico, Andrew Bailey, salvaguardou, contudo, que os riscos atuais são "excecionais". "A fonte destes riscos e o motor destas revisões das nossas previsões desde maio são, na sua esmagadora maioria, os preços da energia e as consequências das ações da Rússia", esclareceu Bailey.

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