Setenta e nove personalidades da vida política e económica nacional promovem em livro a literacia financeira, na expectativa de criar um “instrumento poderoso” para a educação financeira dos portugueses. É este o mote que leva o Iscte Executive Education (IEE) a publicar a obra “79 Vozes pela Literacia Financeira: por uma melhor e maior independência ao longo da vida”..O livro vai ser lançado no próximo dia 5, na Feira do Livro, onde José Crespo de Carvalho, presidente do IEE, moderará um debate sobre o tema num painel com Licínio Pina, chairman do Crédito Agrícola, Pedro Andersson, jornalista da SIC responsável pela rubrica "Contas-poupança", e Rita Piçarra, ex-administradora financeira da Microsoft que se “reformou” aos 44 anos..O livro reúne reflexões das personalidades referidas e também de Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, de Ana Carvalho, presidente executiva do Banco Português de Fomento, bem como dos antigos ministros das Finanças Teixeira dos Santos e Maria Luís Albuquerque. Os banqueiros João Pedro Oliveira e Costa (BPI) e Miguel Maya (Millennium bcp) também assinam textos deste livro, assim como Isabel Ucha, presidente do conselho de administração da Euronext Lisbon..Mais um contributo.O livro “79 Vozes pela Literacia Financeira” pretende amplificar a disseminação de conhecimentos económicos e financeiros, numa abordagem “pedagógica e prática”, através de um de uma “seleção de textos sobre conceitos e temas financeiros, além de recursos complementares como exemplos, casos práticos e estratégias para resolução de problemas”..De acordo com a sinopse da obra, o objetivo do aprofundamento da literacia financeira em Portugal é “melhorar a qualidade de vida, a inclusão social e o desenvolvimento económico”. “Este livro não é contra ninguém. E é apenas mais um contributo”, lê-se..Literacia dos portugueses abaixo da média europeia.“A literacia financeira de Portugal é alarmantemente baixa, especialmente quando comparada com outros países da zona euro. Segundo o ranking do Banco Central Europeu (BCE) de 2020, Portugal ocupava a última posição, com apenas 25% dos portugueses a responderem corretamente a pelo menos três das cinco perguntas sobre temas financeiros. A média dos países da zona euro era de 52%, e a dos países da OCDE era de 63%”, realça José Crespo de Carvalho, na nota de apresentação da obra enviada à redação..Para o professor que preside ao IEE e promove este livro, o estado da “literacia financeira em Portugal é no mínimo lamentável”, sendo a obra compilada um “manifesto” que não pretende “menosprezar os esforços que têm sido feitos”, mas, sim, contribuir para uma melhor compreensão de temas “elementares, como elaborar e gerir um orçamento” ou compreender os juros e o desempenho da inflação, para decisões “informadas e responsáveis”, pessoais e profissionais..“Conhecimentos financeiros ajudam a investir com eficiência e a permitir que o dinheiro trabalhe autonomamente em proveito do seu titular”, defende Jaime Carvalho Esteves, advogado e fundador da J+Legal, num dos textos que integram a obra, parafraseando o livro “Homem Rico, Homem Pobre” de Irwin Shaw.