Barão do Hospital é a nova marca da Falua nos Vinhos Verdes

Empresa dá a conhecer os primeiros vinhos da Quinta do Hospital, a propriedade de 25 hectares que constitui a mais recente aquisição do grupo. Nos próximos dois anos, vai investir 3 milhões na otimização das operações em Almeirim e Monção, ao mesmo tempo que procura novas propriedades para comprar
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Barão do Hospital é a nova marca da Falua nos Vinhos Verdes e que chega ao mercado com duas referências, um Alvarinho e um Loureiro. São vinhos de 2020, a primeira colheita da Falua na Quinta do Hospital e que a empresa liderada por Rui Rosa dá a conhecer, esta terça-feira, num evento especial na propriedade de 25 hectares, em Monção. O historiador Joel Cleto foi chamado desvendar a história secular da propriedade e do seu solar, que remonta ao século XII. A propriedade terá sido doada por D. Teresa à Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém ou Ordem do Hospital, para que os Hospitalários se instalassem no Condado Portucalense.

Dos 200 mil litros de vinhos produzidos na sub-região de Monção e Melgaço, as duas referências Barão do Hospital não deverão, neste primeiro ano, ir além dos 50 mil litros. "A criação de uma marca é um processo complexo e demorado e nós estamos muito no início, ainda", admite Rui Rosa, diretor-geral do grupo Roullier em Portugal. Sobre o solar da propriedade, a intenção é aproveitá-lo para potenciar a atividade enoturística da companhia, mas só em 2022 a Falua irá avançar com esse projeto. "Claramente não somos conhecedores do meio, temos que aprender ou temos que ver se procuramos alguma parceria para nos ajudar neste caminho", diz Rui Rosa, que sublinha: "Ainda é tudo muito recente, não temos uma visão clara do que vamos ali fazer. Sabemos que, forçosamente, o solar será um fator de investimento, como e quando não sei dizer".

A compra da Quinta do Hospital foi anunciada em fevereiro, mas a Falua não avança valores do negócio. Rui Rosa admite que o objetivo é alargar a área de vinha à totalidade da propriedade - neste momento, só 10 dos 25 hectares têm vinha -, em função das necessidades. No total, e entre 2021 e 2022, a Falua irá investir cerca de três milhões de euros "na otimização" da sua operação, tanto nos Verdes como em Almeirim, na região Tejo, para aumentar a capacidade produtiva e de stockagem, e reforçar a visibilidade comercial dos seus vinhos. A este montante acrescem os 10 milhões de investimento acumulado que o grupo tinha já anunciado, ainda antes da aquisição da Quinta do Hospital.

"Idealmente, queremos alargar a vinha a toda a propriedade. O objetivo é esse e gostaríamos de o fazer num prazo muito curto, mas não depende só da nossa vontade, por isso, e sendo prudentes, diria que queremos ter a propriedade toda com vinha no espaço de três anos. E estamos à procura de outras coisas noutras sub-regiões dos Vinhos Verdes", explica este responsável. O objetivo é aumentar a produção de uvas, seja por via de aquisições de novas propriedades, seja arrendando terrenos disponíveis.

Novas aquisições em vista

Há que não esquecer que o objetivo do grupo Roullier, que comprou a Falua em 2017, é usar Portugal como plataforma para um projeto internacional de vinhos. Mas a pandemia não ajudou. "Esse é um dossiê a revisitar. Não prevejo que em 2021 haja condições para avançar. Com os mercados fechados e a dificuldade em viajar, ficou tudo em stand-by", admite Rui Rosa.

Mais adiantado parece estar o projeto de expansão em Portugal, com a empresa a admitir que está a olhar "com muito interesse" para outras zonas do país. E embora o Douro e o Alentejo tenham já sido referenciadas como "regiões mais óbvias" pela Falua noutras ocasiões, Rui Rosa frisa que, "mais do que regiões, o grupo está atento a projetos diferenciadores". E há conversas já em curso, mas mais não diz. "Não fazemos particular questão que seja nessas regiões, embora, pela sua dimensão, prestígio e notoriedade, é natural que possa passar por aí. O que é importante para nós é encontrarmos um projeto, dentro da região, que nos faça sentido", sublinha. Sendo que, para 2022, o "grande desafio" é, garante, "consolidar a presença no mercado nacional" das suas marcas mais emblemáticas, designadamente o Conde Vimioso. "Nestas coisas, planificar é complicado e se nos aparecer algum desafio estamos disponíveis para o assumir, mas não é esse o foco. O foco em 2022 está muito em potenciar o existente", assegura.

Quanto a 2020, e apesar da pandemia, Rui Rosa classifica o ano como "positivo": as perdas no mercado interno foram compensadas com o crescimento internacional e as vendas finais acabaram por ficar "muito em linha" com as de 2019, na ordem dos sete milhões de euros. Mas a parcela do mercado nacional passou de 40 para 25%. Inglaterra, Polónia, Brasil e Estados Unidos foram alguns dos mercados onde a Falua reforçou a sua posição.

Reforço da equipa

Um sucesso que se deve ao contínuo investimento em recursos humanos, diz Rui Rosa, lembrando que, desde 2017 - quando os franceses da Roullier compraram a Falua -, a equipa triplicou para os atuais 63 colaboradores. E a massa salarial "mais do que triplicou". "A Falua era uma empresa que tinha poucos quadros e hoje temos uma equipa comercial que conta já com seis pessoas e tem uma sétima em fase de recrutamento, além de diretores de qualidade, de produção e de viticultura. Fizemos mesmo uma grande aposta ao nível dos quadros e, embora já tenhamos muito trabalho para mostrar, ainda estamos só a dar os primeiros passos", refere Rui Rosa. Este, lembrando que "não é fácil crescer nos mercados internacionais quando não se pode viajar. Tentamos compensar com o online, mas não é a mesma coisa", reconhece.

O ano de 2020 ficou ainda marcado pelas distinções obtidas, com a Falua a ser eleita "Empresa do Ano" pela Revista Grandes Escolhas e "Marca do Ano" pela Revista de Vinhos. "É um reconhecimento que acaba por ser uma validação do nosso caminho. Embora saibamos que, estando muita coisa feita, estamos ainda muito no início", sublinha Rui Rosa.

Para 2021, a expectativa da Falua é terminar o ano com vendas "ligeiramente acima de 2020". "O normal seria que crescêssemos a dois dígitos, e é essa a nossa ambição, mas é muito cedo ainda para avaliar", frisa.

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